quinta-feira, abril 30, 2009

As eleições europeias

Ontem no DN o Baptista-Bastos, que disso sabe, escreveu que "há 30 anos que desfilam as mesmas caras, se ouvem as mesmas vozes, se lêem as mesmas frases com monótona aridez. O País é domado por um grupo sem prestígio mas com poder. Esperávamos um sistema, emergiu um domínio."
Eu escreveria o mesmo, mas não resistiria a sublinhar que isso acontece por responsabilidade nossa. Somos nós, no colectivo, que aceitamos o condomínio. Falamos o tempo todo, mas quando nos é dada a oportunidade de nos pronunciarmos sobre isso é nos mesmos que renovamos o mandato.
Em breve teremos eleições para o Parlamento Europeu, que ao que dizem manda em nós, e a elas se apresentam 13 listas, postas à livre escolha dos portugueses com direito a voto.
O que ressalta da mais superficial análise a esse conjunto de candidaturas?
De imediato, a já conhecida e tão comentada hemiplegia do nosso sistema partidário. Não há direita.
Há um partido que se fundou e quis rigorosamente ao centro, e depois percorre-se todo o leque das esquerdas e extremas-esquerdas. O CDS quer-se rigorosamente centrista, o PSD proclama-se de centro-esquerda, o PS de esquerda, a CDU de esquerda, o BE de esquerda... e por aí fora, até à extrema-esquerda arqueológica do POUS e do MRPP. Pelo meio surge o PH, que é um agrupamento com origem numa seita religiosa, depois um condomínio unifamiliar que derivou do antigo PPM, um inócuo MPT de vagas colorações ecolo-chic, e duas novidades: o MEP e o MMS, inteiramente destituídos de substância política, feitos por jornalistas e publicitários habituados à espuma leve das redes sociais. A nenhuma desta gente deixa de repugnar o rótulo de direita, e se questionados todos o rejeitam com vigor ou com horror.
Será que todo o país que existe está do centro para a esquerda? Será que em Portugal não existe um eleitorado de direita, um povo de direita, uma opinião de direita?
Quem o representa?
Este país hemiplégico e distorcido é o que parece ser representado pelo conjunto das candidaturas disponíveis, aliás na continuidade do que tem sempre acontecido, desde que o pacto MFA-Partidos definiu o quadro partidário. (O que se tem mantido, repito para que não haja equívoco, por culpa nossa, inteiramente nossa, e não deles, que assim o quiseram mas só o conseguiram porque nós o consentimos).
Acrescento ainda que este panorama é único no universo a considerar, os países que connosco irão a votos nas mesmas eleições.
Por todos os países da Europa abundam os eurocépticos para todos os gostos, os soberanistas dos mais realistas aos mais excêntricos, as direitas na sua infinita pluralidade, liberais, cristãs, conservadoras, os nacionalistas de vários matizes, os populismos da mais variada conformação. Só entre nós essas opções não estão presentes. Não há cá ninguém que com elas se identifique?
Termino a fazer notar que entre os 13 já referi 12, o que só pode explicar-se pela intenção de destacar o que falta. O que falta é o Partido Nacional Renovador, de José Pinto Coelho, que a estas eleições apresenta uma lista encabeçada pelo Humberto Nuno de Oliveira. Esta é a lista que faz a diferença, a que não cabe na monotonia rotineira das vozes do costume e dos mesmos de sempre, de que falei ao princípio.
Dou-lhes o meu apoio, e se a minha posição contar junto de mais alguém insto os meus concidadãos a que tomem idêntica atitude.
O resto - riscar o voto, ir à praia, votar numa das outras doze candidaturas - é tudo o mesmo, apenas mais do mesmo, o mesmo que se eterniza.

2 Comments:

At 10:13 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ummm... veremos se o seu incentivo resulta. Se bem compreendi pelas palavras de Alain Benoist - de cuja entrevista tive oportunidade de ler ainda só metade - esta onda passa-se um pouco por toda a Europa com especial incidência na sua França e a culpa (embora dissimulada, fazendo crer o contrário) está em grande parte nos partidos e na intoxicação sábia, deliberada e sistemática que os mesmos, através dos seus dirigentes e principais membros (e com a ajuda preciosa de uma comunicação social completamente submetida à esquerda tanto lá como cá), num trabalho aturado de décadas, instilam no eleitorado. Com a incansável agressividade da extrema esquerda, a direita civilizada não sabe, não quer ou não consegue competir. A esquerda nunca se cansa de lutar, a direita desiste à primeira contrariedade. Os frutos dessa persistência inesgotável estão à vista em todos os países da Europa.
Maria

 
At 10:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"PH, que é um agrupamento com origem numa seita religiosa"

-parecem-me materialistas
mas em todo caso
a que religião pertencem estes hippies de caviar?

 

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