segunda-feira, janeiro 26, 2009

Para o congresso do PND

A propósito do congresso do PND, que vai decorrer no final deste mês, Manuel Brás escreveu um excelente artigo, que bem merecia ser lido e meditado - sobretudo pelos congressistas a quem é especialmente dirigido, mas não só, já que poderia fazer bem a muito mais gente. Copio-o do sítio original, mesmo sem licença.

Seja quem for

Dentro de uma semana a Nova Democracia escolherá a pessoa que irá substituir o Dr. Manuel Monteiro na presidência do PND. E a nova equipa que a irá ajudar nessa liderança e a conduzir os destinos do partido.
Desejo sinceramente os melhores sucessos à pessoa e à equipa que sair mandatada do 4º Congresso da Nova Democracia para dirigir este projecto político e pôr em prática a sua estratégia.
Seja quem for, a Nova Democracia tem Valores Políticos e um acervo de ideias consistentes sobre o Homem, a sociedade, o Estado, a Nação e a nossa própria civilização.
É precisamente em nome destes valores políticos, destas ideias, da sociedade, da Nação e da civilização, que não podemos ignorar ou iludir a situação de verdadeira encruzilhada nacional e civilizacional em que nos encontramos. E essa situação proporciona-nos uma óptima oportunidade de renovar a agenda política portuguesa, se não nos deixarmos tolher pelo politicamente correcto nem tivermos medo de enfrentar o pensamento único (de esquerda), isto é, se não tivermos medo de assumir uma verdadeira oposição, não apenas de forma, mas, sobretudo, de conteúdo, de ideias, de convicções, de combate político, numa atmosfera politico-partidária completamente viciada.
Seja quem for, não poderá deixar de perspectivar o futuro (talvez pouco risonho) de Portugal à luz do presente declínio demográfico. Ignorar isto e não ver a necessidade de criar uma nova mentalidade que possa dar resposta às necessidades de recuperação demográfica é trabalhar para o imediato e não ser capaz de perspectivar a política e acautelar a nossa própria sobrevivência a longo prazo. Erro crasso dos muitos maus políticos que temos tido, e temos (eles dizem sempre que não puderam fazer nada...), pelo qual estamos a penar.
Seja quem for, não poderá esquecer que, em primeiro lugar, a finalidade de um partido político é criar correntes de pensamento, divulgar ideias, influenciar opiniões e mentalidades, enfim, criar escola mediante uma comunicação adequada. E só depois poderá alcançar o segundo objectivo que é chegar ao poder, ou melhor, a algum poder.
Seja quem for, não poderá deixar de denunciar e combater sem tréguas a ditadura do Estado, deste Estado monstruoso ao serviço da esquerda, que vai desde a pressão que faz sobre a sociedade para corrigir, por força de leis, instituições multisseculares muito anteriores ao Estado, como o casamento, até ao monopólio e a programação ideológica – contra a própria Constituição – do ensino. Esta ditadura cultural e política cria na esquerda a tal superioridade moral e a convicção de que são os donos do Estado, convicção que praticam abundantemente. Dir-se-ia que este Estado é propriedade privada da esquerda.
Seja quem for, terá de perspectivar a economia em função das pessoas, da sociedade e das suas estruturas, da propriedade privada e da iniciativa privada, antes de a perspectivar em função do Estado.
Começa a ganhar consistência a tese de que a crise económica e financeira na Europa será agravada, e terá sido também causada, precisamente pelo declínio demográfico.
Seja quem for, terá de levar à sociedade civil a liberdade e a responsabilidade, e combater por um Estado mínimo que não seja como o actual: forte com os “fracos” e fraco com os “fortes”, em que o crime compensa.