sexta-feira, outubro 03, 2008

"Onde está a esquerda?"

Pergunta angustiado o escritor Saramago em texto publicado quarta-feira no seu blogue. Embora não pareça muito interessado em que lhe respondam, visto que logo acrescenta que "não dou alvíssaras, já paguei demasiado caras as minhas ilusões", não resisto a deixar-lhe aqui uma breve indicação. Mesmo sem alvíssaras, que não quero nada dele.
É só para que não continue a proclamar, lá do alto do nobélico pedestal a que subiu, que "a esquerda não pensa, não age, não arrisca um passo".
Que injustiça, ó nobélica criatura! Tu é que deves estar choné de todo, ou já não vives neste mundo.
Com que então não sabes "onde está a esquerda?"
Pois nunca ela esteve tão à vista, nunca ela prosperou e inchou tanto, nunca ela se meteu assim pelos olhos dentro, até do mais distraído.
Abre a televisão, e repara em quem lá te aparece... Olha para a assembleia, e vê quem lá está a encher aquilo...
Não sabes "onde está a esquerda?"
Até eu, que pouco saio de casa, posso dar-te umas dicas.
Está, por exemplo, nos conselhos de administração, onde se governa a riqueza a que noutros tempos poderia chamar-se nacional. Lembras-te do Pina Moura, do Jorge Coelho, do Armando Vara, do Fernando Gomes, do...do.. enfim, de tantos, não há banco ou empresa, das maiores nascidas cá ou das que antes eram chamadas multinacionais, onde não possas ver a esquerda a mandar, triunfante e feliz. Tem nas mãos o nosso PIB.
Queres saber "onde está a esquerda?"
Está, por exemplo, à frente de toda a comunicação social. Lembras-te certamente daqueles rapazes do marxismo-leninismo, que berravam por mais quando tu, mais experiente, saneavas o DN. O Henrique Monteiro, o José Manuel Fernandes, o José António Saraiva, o João Carlos Espada, o José Pacheco Pereira, o Saldanha Sanches... São eles que dirigem os jornais, ditam as opiniões... Não há opinião publicada, nem opinador que se veja, que não apresente irreprensíveis certificados nessa matéria.
Está à frente das universidades, vê bem quem são os dirigentes, uma reunião do Conselho de Reitores parece um encontro de confraternização dos dirigentes da UEC de há 30 anos...
Está no governo, ó Saramago. Não te lembras do Mário Lino, teu camarada no Comité Central, não te recordas do jovem Alberto Costa, jovem entusiasta do partido quando resolveu, heroicamente, desertar, não sabes quem é o Rui Pereira, a Maria de Lurdes Rodrigues, não reconheces nesta ilustre plêiade que para nosso bem nos governa uma impoluta falange de esquerdistas sem mácula, quase desde o berço?
Pois olha que não vindo do PC, como o Magalhães, ou de qualquer grémio esquerdalho, como o Barroso, ninguém medra na política doméstica, nem chega aos píncaros da governança, em Lisboa ou na Europa. Sem esse atestado de origem não se vai a lado nenhum.
E ainda perguntas "onde está a esquerda?" A magana está em toda a parte!
Olha, está nas polícias, no Ministério Público... Há a Maria José Morgado, a Cândida de Almeida, a Francisca Van Dunem... É verdade, a esquerda comanda as polícias.
Apetecia-me responder-te que a procurasses também nas casas da Câmara de Lisboa, agora famosas, e que estão cheiiinhas dela. Mas provavelmente não gostarias de pôr em cheque o Baptista Bastos, nem arruinar a reputação de tantos outros camaradas empenhados no município, como o Ruben e o Abreu. Afinal, pessoal de esquerda são também o António Costa, e o João Soares, e a Sara Brito, e o Sá Fernandes, e a Helena Roseta, e o Jorge Sampaio, e mais a legião dos artistas... Não serias tu, Saramago, a levar a água ao moinho da reacção nesta trapalhada lisboeta.
Ficarei por aqui. A esquerda está bem, e recomenda-se. Nós é que não estamos. Não estamos nós, por uns motivos, e não estás tu, porque és parvo e sempre foste assim. Nunca enxergaste nada de nada, e ainda te julgas capaz de escrever sobre a cegueira.

2 Comments:

At 7:58 da manhã, Anonymous Anónimo said...

E ainda, em bom Português - que o Saramago nobililizado (que não nobilitado) da treta não sabe nem falar, nem ler, nem escrever - a esquerda está naquilo que sempre foi: está na merda.
Por isso Portugal fede, ou seja, tem hoje, depois do 25 A, um cheiro pestilento como o dos campos de exterminação humana comuns na união soviética, onde, infelizmente, essa erva daninha não malhou com a carcaça.

Nuno

 
At 12:19 da tarde, Blogger almajecta said...

Este Blog ainda tem caixa de comentários?
Ser-lhe-há atribuido de imediato uma medalha Lenine.

 

Enviar um comentário

<< Home