quarta-feira, setembro 10, 2008

Um blogador inspirado

Tanto a dissertar sobre a actualidade ciematográfica (Tropa de Elite) como em leituras paralelas de Nelson Rodrigues e Joaquim Paço d'Arcos ("O Homem Proibido" e "Paulina Vestida de Azul") anda inspirado o blogador desta Odisseia.
Por coincidência, também eu nas passadas férias me dediquei à leitura do esquecido Joaquim Paço d'Arcos. Assim muito brevemente, chamaria a atenção para duas narrativas: "A história de Venâncio, segundo-oficial" e a novela "O navio dos mortos". Bastam para abrir novas perspectivas sobre a obra do escritor a quem apenas o veja como o autor da crónica de uma certa vida lisboeta, identificada estritamente com o meio social a que ele pertencia e com uma época há muito passada. Realmente, Paço d'Arcos produziu muito e muito variado. O seu tempo de fugaz popularidade nas letras, relacionada sobretudo com o romance "Ana Paula" e com o escândalo subsequente (que hoje nos surge como anacrónico), passou há muito. Há décadas. Diga-se aliás que essa popularidade a que chamei fugaz e que restringi ao pequeno universo das letras pátrias nunca se traduziu em verdadeira popularização, apesar da proeminência institucional do escritor (v. g. na SPA).
Actualmente, a obra de Joaquim Paço d'Arcos permanece oculta num esquecimento longo e profundo. Pode ser que a fortuna lhe venha a sorrir, com a atenção das editoras e a necessária revalorização crítica, mas por agora o nome do autor não desperta nos leitores comuns de hoje qualquer eco ou lembrança.

3 Comments:

At 7:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Em contrapartida outros muito 'menos' escritores, pra dizer o mínimo, mas (artificialmente) mais populares e famosos por ùnicamente fazerem parte do espatifado sistema... vão ganhando prémios, honrarias, prebendas e mordomias, em catadupa. E olé!
Ai servilismo a quanto obrigas... Mas lá que este trás recompensas chorudas e 'estatuto social', não há como negá-lo. Como exemplo bastam as notícias de ontem e de hoje nas televisões, onde se disse que elas vêm todas a caminho. A estes 'grandes' escritores da modernidade já só lhes falta receberem o Nobel. A respectiva Academia está farta de ser pressionada e nada. Mas ele há-de chegar, não tenhamos dúvidas. Isso só não se irá verificar se o corruptíssimo sistema mundial repentinamente "colapsar". E já faltou mais.
Maria

 
At 11:38 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Obrigado pela referência.
Talvez devido ao poema em que prevê que, como castigo, os netos dos que fizeram a Abrilada venham a ser espanhóis, Paço d'Arcos tenha ficado deliberadamente esquecido pelo sistema.

 
At 8:23 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Você escreve: "... identificada (a vida de P. d'Arcos, um pseudónimo) estritamente com o meio social a que ele pertencia... .
Ora o correcto seria escrever "o meio social a que ele pretendia pertencer".
Qoanto ao mais, foi um escritor que não se demonstrou qualificado de maneira nenhuma e até espanta que alguém se lembre dele...
Cumprimentos,
Nuno

 

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