segunda-feira, agosto 11, 2008

Solzhenitsyn

Nestes dias em que estive afastado do blogue faleceu Alexandre Solzhenitsyn.
Foi um autor que encontrei ainda adolescente, através da leitura de "Um dia na vida de Ivan Denisovich", e foi uma descoberta importante. Vieram depois muitas outras obras, passou muito tempo, mas para mim Solzhenitsyn nunca deixaria de ser sobretudo o autor de "Um dia na vida de Ivan Denisovich".
Creio que já terá sido dito tudo o que havia a dizer sobre a relevância do escritor e da sua obra, pelo que não me alongarei por aí. Queria só dizer aqui que gostava do homem (um blogue no fundo nunca deixa de ser um lugar para falar de nós) e acrescentar que julgo compreender o desgosto e a desilusão que sentiu com as nossas sociedades ocidentais.
Tinha vindo de um mundo onde nada se podia dizer, e, concluiu ele, veio parar a um mundo onde tudo se pode dizer mas isso não serve para nada. O vazio, a inconsequência, a imensa waste land em que nos tornámos, gelaram-no tanto como o Goulag. Ficou para sempre a clamar contra os hollow men que povoaram a terra - sem que ninguém o ouvisse.