quarta-feira, agosto 13, 2008

Panait Istrati

Foram publicadas entre nós, que eu saiba, traduções de "Kyra Kyralina", "Codine", e uma Antologia de contos. Nem por isso se pode dizer que Panait Istrati seja um nome conhecido entre o nosso público leitor; ao contrário, é uma figura literária praticamente ignorada, mesmo nos meios letrados. A triste sina que parece ter fadado o escritor romeno em sua vida não o abandonou post-mortem.
E todavia é um caso literário que merecia mais e melhor atenção (lembro-me de Amândio César, com a tremenda generosidade que o fazia agitar-se a cada injustiça com que via manchado o universo literário, ter clamado pelo imperativo de colmatar a falta, sozinho como tantas vezes). A verdade é que a correcta situação e valoração da obra do escritor romeno permanece por fazer (pode apontar-se Vintila Horia como a excepção, mas este tem a explicação óbvia da origem comum, e de outras afinidades de que o exílio não será a menor).
Note-se porém que outros grandes exilados romenos vieram a alcançar melhor sorte, como Ionesco, ou Eliade, ou mesmo Cioran - apesar de todas as resistências.
Para além das obras que citei inicialmente, traduzidas e publicadas em português de Portugal, conheço apenas "Os cardos do Baragan". É uma narrativa poderosa, intensa e dramática, onde se sente pulsar o coração do autor ("solidão e solidariedade". O homem e a terra romenas, na miséria e na tragédia. Não fosse a conturbada trajectória política do homem e os historiadores da literatura empanturrados de neo-realismo certamente o colocariam entre os grandes romances do século XX.

1 Comments:

At 9:06 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"Kyra Kiralina" foi-me oferecido num dia de anos por um colega e amigo comum numa universidade alemã com a sua nota de que era uma obra que eu iria adorar. Assim foi, leitura sôfrega e marcante para sempre. De volta a Portugal comprei a obra em português para a dar a conhecer a mais leitores. Acabo de ler "Os cardos do Barragan" que tem a mesma pujança narrativa e acrescenta traços de uma cultura e história para mim quase desconhecida, a da Roménia. Como acontecido em semlhantes ocasiões de descoberta, estou a recomendar este escritor aos meus amigos leitores e farei o mesmo no clube de leitura a que pertenço. Considero Istrati um escritor obrigatório e fico contente por revelar a necessidade de o dar a conhecer melhor no nosso país. Não há assim tantas escritas que nos empolguem deste modo. Obrigada Viória

 

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