sexta-feira, junho 20, 2008

Identidade e Individualidade Nacional Portuguesa

(excerto de um trabalho do Tenente-Coronel João José Brandão Ferreira)

Conhecer as pessoas que connosco partilham a cidadania faz parte do cartão de identidade de cada nação. Por isso não resisto a dar-vos um pequeno apontamento sobre o modo de ser português.

"Sendo nós Portugueses convém saber o que é que somos".
Fernando Pessoa

Que se poderá então dizer dos portugueses? Comecemos por uma frase do Professor Jorge Dias em "Ensaios Etnológicos":"é um povo paradoxal e difícil de governar, os seus defeitos podem ser as suas virtudes e as suas virtudes os seus defeitos, conforme a égide do momento".
O povo português é profundamente individualista, tem grande dificuldade em trabalhar em grupo e em se entender com os outros. É muito cioso das suas ideias, o que por vezes revela uma certa intolerância. É vaidoso, no sentido de gostar de ostentação, de riqueza e do luxo, e susceptível quanto aos seus preconceitos, formulas e ilusões. Possui temperamento amoroso e é humano e bondoso. Usa mais o coração que a cabeça.
É desorganizado e imprevidente, mas possui um extraordinário poder de improvisação. A sua capacidade de adaptação a outras gentes, culturas, climas, línguas e profissões é tremenda, com a particularidade de não perder o seu carácter.Tudo isso, ligado ao sentido humanista, caracteriza e explica a colonização portuguesa. Possui espírito aventureiro e messiânico, que é bem demonstrado pela emigração. O português é independente e gosta da sua liberdade. Tem dificuldade em aceitar regras e autoridade. Só trabalha bem quando é bem dirigido. Leva as coisas pouco a sério. Não é persistente, o que de certo modo está ligado ao seu espírito aventureiro e ao ser sonhador. Apesar de possuir grande dose de solidariedade não deixa de ser invejoso em relação ao que outros alcançam. O português é idealista, emotivo e imaginativo, não é dado a reflexão, não quer discutir o mundo nem a vida, contenta-se em viver exteriormente. O português possui pouca alegria e exuberância, mas um forte sentido do ridículo, tendo em conta as opiniões alheias. O seu sentido de humor traduz-se mais em forte sentido de crítica, troça e ironia. O português não é fraco nem cobarde. É, de certo modo, derrotista ou fatalista, revela ainda um certo pendor para a imitação - tendendo até a pôr as coisas nacionais em segundo plano em relação ao estrangeiro -, o que se traduz em falta de iniciativa e actividade criadora. Possui grande afectividade, não gosta de fins trágicos, não devendo ser por acaso que em Portugal não há pena de morte e nas touradas os touros vêm embolados e não são mortos. A sua religiosidade foi moldada ao longo dos tempos pelas suas características. Por fim, há a saudade, esse estado de espírito muito próprio do português, que tantas coisas podem querer significar, e que a tantas coisas pode conduzir.
(...)

2 Comments:

At 6:57 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O comentário, não sei se da autoria de Brandão Ferreira que creio ter conhecido, há muito tempo, na Força Aérea, se do Prof. Jorge Dias, contém inumeras afirmações que se contradizem e, pior, num escrito de quem parece não conhecer o Povo Português. Como é evidente, muitas das generalidades estarão correctas; porém, verificam-se em muitos outros povos, sobretudo europeus.
De facto, viajar dá-nos uma maior possibilidade de conhecimento e ter uma visão mais alargada do que nos rodeia impedindo "opiniões" pouco fundamentadas.
Não vale a pena comentar mais.

Nuno

 
At 7:18 da manhã, Anonymous Anónimo said...

O engraçado é que a maioria dos que apresentam "posts" não dão seguimento aos comentários, concordantes ou discordantes.
Será falta de estofo? Falta de educação?
Eu sei lá...
Tal atitude tem uma designação desagradável.
Se calhar seria preferível não "postar" nada.

Nuno

 

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