quinta-feira, junho 19, 2008

Cria-se uma comissão

Tremei, ó corruptos do meu país: a nossa Assembleia da República acordou hoje metida em brios, toda assanhada no combate à corrupção.
Atirou-se a discutir (discutir é como quem diz, nesta altura do discurso está toda a gente de acordo) nem mais nem menos que uma proposta do Partido Socialista para criação de um "Conselho de Prevenção da Corrupção", nova entidade a funcionar futuramente junto do Tribunal de Contas.
Lembrou-me irresistivelmente a "Alta Autoridade Contra a Corrupção", que funcionou um ror de anos junto da Presidência do Conselho de Ministros e nunca encontrou corrupção nenhuma (embora tenha servido para oferecer bons lugares a umas quantas inutilidades).
Neste caso não vai ser assim, nem por sombras. Não senhor: este "Conselho de Prevenção da Corrupção" não vai servir para criar mais uns tantos empregos para a classe política, e jura bem jurado que vai ser um exterminador para o flagelo.
Pairando nas alturas da assembleia, por sobre as excelsas cabeças dos venerandos deputados, um diabinho chavelhudo ria a bom rir. Dizia ele, piscando o olho, que ainda ele era novo e já ouvia dizer que em não se querendo resolver mesmo um problema criava-se uma comissão.

2 Comments:

At 4:32 da tarde, Blogger José Leite said...

A dona corrupção essa deve rir a bom rir... todos lhe prestam vassalagem!

Até esta sacrossanta entidade lhe beijará as mãos, repletas de anéis!

Depois, bem, depois, todo o,lixo que engendrar irá parar à Torre do Tombo, para que o silêncio /e o medo)guarde a sua vinha!

 
At 2:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Esta, que é porventura a mais corrupta e fraudulenta classe política que já existiu na nossa História, agora vai criar mais um conselho para a prevenir!!! Cria comissões e conselhos (só lhes muda o nome para baralhar, o resto fica como está, só substituindo os funcionários para a clientela rodar nas cadeiras) atrás uns dos outros para fingir que combate aquilo que ela própria pratica escandalosamente há trinta e tal anos bem à vista de todos. Se isto não é ter um descaramento inaudito, então não sei o que é. Se esta explosão de 'rectidão de carácter e impecabilidade de conduta', com periodicidade estudada, não nos deixasse ainda mais deprimidos (e já não espantados, porque já nada nos admira vindo de quem vem), seria para morrer a rir. Será sequer possível que esta rasquiosa classe política não repare no completo ridículo das suas afrimações, acções e decisões cuja pantomina, em dimensão, ultrapassou há muito o que é dado suportar-se? Há qualquer coisa de dramàticamente muito estranho que faz com que um povo honrado e nobre como é o nosso não se revolte perante tanta ignomínia e podridão.
Maria

 

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