segunda-feira, abril 07, 2008

À Direita

Entre os factos políticos mais significativos dos últimos tempos estão, para mim, a entronização de Jorge Coelho na presidência da Mota Engil e o silêncio de Pacheco Pereira a esse respeito. São um retrato do país que temos...
Sobre isso deixo os comentários para outra ocasião, e de preferência para outros.
Para Rui Albuquerque., que pensa à direita, o fim da revista Atlântico é também ele pleno de significado:
"A Atlântico foi, nos últimos vinte anos, a única publicação periódica de direita conservadora e liberal, que fez um esforço para expor e debater ideias. O simples facto de uma publicação deste género não ter mercado na direita portuguesa, tem, já por si, um significado revelador da fraca qualidade da nossa direita. Ela vive, cada vez mais, de e para uma partidocracia de aparelho, uma verdadeira aparelhocracia, onde as ideias não têm lugar, não contam e são mesmo até indesejáveis. Contar votos, «cacicar» apoios e inscrever batalhões inteiros de bombeiros para votarem nas eleições concelhias e distritais, isso sim é importante para a direita portuguesa."
Um desconsolo. Para Manuel Brás, todavia, a esperança mantém-se:
"É certo que no século XX todas as mudanças de regime em Portugal – e foram duas – resultaram de golpes militares. Mas hoje, não parece que os militares tenham condições para uma coisas dessas.
Porém, admito que um golpe que mude o sistema é possível a partir da sociedade civil. E o golpe é este: os portugueses começarem a pensar politicamente à Direita.
Porque é que a maioria dos portugueses pensa à esquerda?
Porque nunca lhes ensinaram outra coisa.
No dia em que a maior parte dos portugueses, ou pelo menos, uma quantidade crítica, suficiente e activa, pensar e actuar politicamente à Direita, o golpe e a mudança de sistema é possível."
Pois é. Vou pensar melhor nisto tudo.

7 Comments:

At 11:32 da tarde, Blogger António Viriato said...

Bem apontada essa farpa no Pacheco, de outras vezes sempre atento, mordaz e loquaz, como poucos.

Aqui, parece ter cegado, ensurdecido e, por fim, também emudecido.

Pelas acções, mais que pelas palavras os conheceremos.

 
At 12:35 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Tanto apoio a Israel e à América do Bush, e estes mal-agradecidos, nem uma moedinha deram para manter a Atlântico!
INGRATOS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

 
At 1:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"Mas hoje, não parece que os militares tenham condições para isso." Justamente. Não as têm porque foram ardilosamente levados a não as terem. Eles, aqueles que dominam a cena política portuguesa desde há três décadas, têm as rédeas da governação nas mãos com todos os dispositivos de controlo accionados para que elas não se soltem. Excepto se fôr à força bruta. Mas contra semelhante eventualidade foram evidentemente accionados todos os mecanismos preventivos no já longínquo Portugal de 74 e prèviamente gizados na Paris de 73, em cujas reuniões secretas, de todos sobejamente conhecidas, se encontravam necessàriamente uns poucos militares traidores à Pátria e àvidamente desejosos de o serem, daí as suas motivações (para uma não sublevação) serem fàcilmente perceptíveis. O que não deixa no entanto de espantar, é o facto de meia dúzia de militares, os reunidos em Paris com os traidores lá residentes, conseguirem controlar há tanto tempo as Forças Armadas no seu todo. Porque têm que existir Heróis nas Forças Armadas, é impossível que os não haja.
Pode ser que um dia se venha a saber mais ao pormenor, porque em linhas gerais já se sabe muitíssimo, o que se passou exactamente nessas reuniões secretas de Paris que, de uma maneira tão drástica e aparentemente definitiva, tem até ao momento maniatado os briosos militares portugueses. Pode ser que uma das altas patentes nelas presente - bastar-nos-ia uma só - num acesso de patriotismo tardio, à beira da morte e com os remorsos a corroerem-lhe a alma, como já tem acontecido, nos revele ponto por ponto com que requintes de malvadez e ódio foi gizada a alta traição à Pátria e ao Povo Português. Pode ser.

Maria

 
At 8:25 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Referem-se no post uns tantos idiotas mas convém acrescentar que a cambada é imensa.
Não se percebe por que raio se lhes dá atenção.

 
At 9:30 da manhã, Blogger Manuel said...

Se o tempo é dos idiotas, como é possível não os ver?

 
At 10:41 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Só que é mentira sobre o Pacheco Pereira que falou na cara do Jorge Coelho como conta o Público:

"Estava tudo, portanto, a correr bem, num ambiente descontraído, apimentado por alguns momentos de humor. Até que foi anunciado o último tema: a saída de Jorge Coelho do programa SIC/Notícias e da política para se dedicar à administração da Mota Engil. Os rostos cerraram-se de imediato. Sentiu-se logo que o momento ia ser tenso. Carlos Andrade deu a palavra a Pacheco Pereira. Este não perdeu tempo e de imediato disse que tinha uma coisa simpática (lamentava a saída de Coelho do programa) e uma antipática para referir. Revelou que os comentadores tinham convencionado que não discutiam a questão antipática - "eu sei que Jorge Coelho não a quer discutir e eu compreendo as razões" -, mas, ainda assim, entendeu que o assunto da Mota Engil não devia passar em branco.
E para Pacheco Pereira há dois "problemas incontornáveis", mais "de futuro do que de passado" na ida de Coelho para a empresa. "Por que razão uma empresa com aquela dimensão escolhe o Jorge Coelho e não outra pessoa?", começou por perguntar. Para o militante social-democrata, que falava algo nervosos enrolando-se nas palavras, não está em causa o facto de o socialista ter sido ministro das Obras Públicas, mas logo a seguir lembrou que Coelho não tem uma carreira de gestão.
"Jorge Coelho foi ministro, é um quadro importante do PS, ainda recentemente foi o principal animador de um comício do PS e a empresa que ele vai ficar à frente tem uma parte importante dos negócios com o Estado (...), numa altura em que vamos assistir a um ciclo de grandes obras públicas. Não se pode deixar de suscitar a questão, que eu levantei aqui em relação a Pina Moura [XXXX] e a pessoas do meu partido: por que razão uma empresa nestas circunstâncias escolhe uma pessoa cujo perfil é a de um político e a de um político próximo do poder?"

 
At 11:24 da manhã, Blogger Manuel said...

Leio todos os dias o Abrupto, e não vi lá nada...
Nas crónicas no Público também não apareceu nada...
Tendo em conta a importância relativa desse e doutros temas a que Pacheco deu o maior relevo, seria de esperar outra coisa.
Enfim, quadraturas do círculo...

 

Enviar um comentário

<< Home