segunda-feira, outubro 22, 2007

Homens livres?

Julgo eu que decorre em grande parte do que escrevi no postal anterior a tremenda dificuldade de na nossa terra viverem e se afirmarem os homens livres.
Estou a designar por homens livres simplesmente aqueles que não fazem parte de nada, não têm o que fazem antecipadamente enquadrado numa estratégia qualquer que os ultrapassa (mas entretanto os promove e os apoia).
Mais que ser conhecido é preciso ser reconhecido. O amiguismo, o compadrio, as redes de influência e o tráfico dela, tudo são consequências inevitáveis da mentalidade maçonizante que referi. A necessidade de afiliação é na sociedade portuguesa muito mais imperativa para qualquer esforço de afirmação social do que será explicável apenas pela matriz católica a que faz apelo Pedro Arroja. Para o catolicismo todos os homens são irmãos, mas para a maçonaria a irmandade tem um sentido muito mais concreto e definido. Os profanos ficam de fora, não entram nas lojas nem participam delas. Compreensivelmente, é uma ordem iniciática.
Quem não reconhece na necessidade de iniciação, de palavras de passe e de reconhecimento, uma das marcas características da nossa vida pública, ao nível das elites políticas, sociais, económicas, jornalísticas, culturais?
Quem por aí circula não tem normalmente dúvidas. E vai daí afilia-se e enquadra-se.