quinta-feira, julho 26, 2007

Manifesto europeu em defesa da instrução e da cultura

Um apelo em defesa da cultura europeia: http://www.sauv.net/meuro.php

Nós, abaixo assinados, professores, intelectuais e cidadãos preocupados com a situação do ensino e da cultura no seio da União Europeia,

PROCLAMAMOS AO PARLAMENTO EUROPEU

1. Que os agentes dos sistemas educativos devem ter como objectivo principal a promoção do mais alto nível cultural possível na população em geral, não se contentando pois em animar a simples escolarização de um determinado grupo etário. A fim de tornar o ensino eficaz, devem ainda incutir o valor do esforço individual e o respeito pelo professor. Que o sistema educativo deve ser orientado para uma avaliação dos conhecimentos disciplinares efectivamente adquiridos por cada aluno.
2. Que para esse fim se torna indispensável dar aos alunos bases suficientemente sólidas desde o início da escolarização. Da mesma forma, a elevação do nível cultural da população exige um reforço da aprendizagem científica e literária no Ensino Secundário.
3. Que a imposição, por parte de certos Estados, de políticas educativas baseadas na incorrectamente denominada “pedagogia moderna” e em noções como o “construtivismo” (que, sob uma aparência de inovação, escondem o desprezo pelos elementos fundamentais da aprendizagem e consequentemente pelos alunos, que deles ficam privados) não terá outro efeito que não seja destruir a transmissão de conhecimentos.
4. Que assim se torna necessário estabelecer uma clara diferença entre o Ensino Primário (instrução nos domínios fundamentais) e o Ensino Secundário (reforço significativo dos conhecimentos científicos e literários). Que o Ensino Secundário deve ser reconhecido oficialmente em todos os países da União Europeia, ter duração adequada e constituir uma identidade própria, representando bem mais do que um simples patamar de acesso à Universidade ou aos Estudos superiores de Formação Profissional.
5. Que, finalmente, a homologação dos conhecimentos nos diferentes estados membros se deva apoiar na sua avaliação individual por professores e Estados através de provas gerais no fim dos ciclos secundários.

Por conseguinte, nós abaixo-assinados

Apresentamos ao Parlamento Europeu a seguinte petição:

O Parlamento Europeu deverá pressionar os Estados membros no sentido de:

Ter em conta as propostas educativas dos professores, únicos e verdadeiros profissionais do ensino, a todos os níveis académicos, em vez de os sobrecarregar, muitas vezes em detrimento da sua própria liberdade pedagógica, com a incessante programação de actividades inúteis. Promulgar a legislação necessária para que sejam devidamente respeitados.
Dar prioridade à instrução nos saberes elementares, tais como a língua oficial do país e as matemáticas desde o início da escolarização. Favorecer a aquisição eficaz dos conhecimentos associados a estes domínios, garantindo nomeadamente os horários necessários à sua aprendizagem.
Garantir, ao longo de todo o Ensino Secundário, uma formação em ciências e em letras que favoreça o conhecimento europeu tradicional e partilhado e que assegure a formação crítica no espírito iluminista, contrariamente ao preconizado na “estratégia de Lisboa”, que reduz a escola a um serviço e o saber a um conjunto de “competências” parcelares.
Garantir, no quadro da convergência europeia, um grau comum de Bacharelato, com uma duração preparatória mínima de três anos, cujo diploma seja homologado pelas Administrações educativas através de um exame directo dos conhecimentos dos alunos, independente dos seus estabelecimentos de origem e do seu controle continuado.