quarta-feira, julho 25, 2007

Entrevista com FSantos, autor do blogue "Horizonte"

Outra, tirada do NOVOPRESS:

FSantos tornou-se uma personagem ilustre do círculo de blogues nacionalistas. Começou como dedicado comentador, até que fundou o seu próprio blogue, o “Santos da Casa”. Depois de várias mudanças de servidor e uma pausa para reflexão, abriu o Horizonte. Provocou há poucas semanas acesos debates quanto ao papel e o caminho a seguir pela “área nacional” da blogosfera. Fomos conversar com ele para saber mais sobre o universo blogosférico.

1) O FSantos deu recentemente o alarme quanto ao desfalecimento da chamada “área nacional” da blogosfera. Não considera que o desmorecimento da blogosfera tem sido um fenómeno global?
Para ser sincero não leio muitos blogues de outras áreas políticas, à excepção da Grande Loja, do Arte da Fuga e Insurgente, mesmo esses sem carácter de regularidade. Cingindo-me à área nacional, constato um esmorecimento muito grande, talvez pelos motivos aduzidos no meu postal sobre o tema: formação de “quintinhas”, aversão ao debate profícuo e respeitador das opiniões dos outros. Mesmo os blogues que se dedicavam à divulgação de textos têm-no feito com muita parcimónia, em parte porque alguns dos autores divulgados são reputados por muitos como “do passado”, ou seja, incorre-se na mesma atitude da esquerda e dos progressistas em geral: busca de novos paradigmas sem grandes referências ao passado, aos bons exemplos. Aliás o que é frequente é que se retenha do passado os maus exemplos!
Possivelmente o esmorecimento da blogosfera tem menos a ver com diminuição de combatividade que busca de formas alternativas de divulgação da ideia nacional, de que o Novopress é um bom exemplo.
2) Até que ponto os blogues são importantes no combate cultural nacionalista?
Se virmos os milhares de postais publicados em quatro anos, as informações difundidas, as ideias expostas, os autores divulgados, constatamos que o seu papel tem sido inestimável. Como escreveu o nosso confrade Manuel Azinhal, com os blogues pela primeira vez em várias décadas foi possível à direita nacional expor ao público as suas ideias, mostrar-se, dar sinal de vitalidade.
Os blogues serão uma das armas de combate nacional. Quantas mais surgirem, melhor: revistas digitais (o papel parece ser, para já, um sonho), páginas de informação, fóruns, espaços de debate, tertúlias, convenções (vem aí a Convenção Nova Frente), são formas de combate nacionalista válidas e que devem ser estimuladas. As Edições Falcata são também um bom exemplo de divulgação cultural e política.
3) Por onde passam as soluções para a blogosfera “nacional”?
Os blogues colectivos são apontados regularmente como uma solução para a falta de visibilidade dos blogues nacionais, sendo um facto que entre os mais lidos destes não se contam mais de 200-250 leitores diários. Mas não creio que resolva o problema, a experiência que temos de blogues colectivos na nossa área não é entusiasmante. Não há soluções mágicas, há sim que estimular os mais novos a entrar no combate das ideias, a forma de o fazer será a escolha de cada um.
4) Considera que existe um défice de formação no meio nacionalista em Portugal?
Responder “sim” seria fácil mas eu creio que a “nossa gente” tem uma cultura bastante apreciável, não só da sua área como de história, literatura, etc. E, pese o preconceito de sectária, é mais aberta a conhecer as ideias dos outros que o inverso. É muito mais fácil encontrar alguém do nosso campo a elogiar um escritor comunista ou um músico judeu que um indivíduo de esquerda a reconhecer a genialidade de um Céline ou a singularidade da poesia de Rodrigo Emílio. Claro que há fanáticos que criticam tudo o que não entre na sua cartilha mas diria que a inquietação intelectual, a curiosidade, a ânsia do saber, são apreciáveis na nossa área. Talvez por sermos poucos e estabelecermos sólidas redes de intercâmbio de autores, informações, sites…
5) Na sua perspectiva, a actividade partidária nacionalista é importante? Até que ponto os blogues podem ser uma ferramenta útil nessa actividade?
Sendo um indivíduo avesso ao combate partidário na medida em que este implica cedência à prática da divisão nacional, em vez de se buscar a união, não retiro mérito a quem envereda por essa via, admirando a combatividade de que tantas vezes dá mostras. A questão essencial é se por essa via se combate o sistema ou se se está a cair na sua armadilha, trazendo para o seu redil e mais facilmente a deixando controlar a verdadeira oposição. Não tenho uma fórmula mágica sobre o tema, que aliás tem sido alvo de uma interessante troca de opiniões no Pasquim da Reacção e na Gazeta da Restauração. No limite, todos os meios que permitam promover a defesa da Nação num contexto que lhe é dramaticamente hostil são não só legítimos como bem vindos.
6) Como avalia o trabalho desenvolvido pelo portal Novopress?
Trata-se de um projecto muito válido, difundindo ideias, autores e temas da actualidade geralmente filtrados pelos media. Não arvora uma concepção de nacionalismo, antes tenta congregar as várias tendências não num sentido de amalgamar mas de divulgação das mesmas, o que é louvável. Leio por lá coisas que não me agradam especialmente, leio outras com que concordo - e recomendo a todos que por lá passem.
7) Muito obrigado pela entrevista. Alguma consideração final?
Quero agradecer esta oportunidade de expressar as minhas opiniões sobre temas que interessam a todos os nacionalistas e patriotas. A minha experiência no “meio” tem tido momentos muito gratificantes e também surpresas desagradáveis; tem-me permitido enriquecer as minhas amizades com pessoas extraordinárias; tem-me dado acesso a alguns autores e factos históricos que ou ignorava ou conhecia mal; tem-me permitido expressar as minhas próprias ideias e escutar o que é que os outros têm a dizer a esse respeito. Somos realmente poucos e devemos reflectir sobre o facto de haver muitos portugueses preocupados com o destino da Pátria e que não se reconhecem em quem mais a defende intransigentemente; por muito tempo refugiámo-nos na “desculpa” da censura e da caricatura que políticos e media de nós fazem, falta aprofundar a reflexão sobre o que é que tem corrido mal da nossa parte.

Agora, a parte das perguntas rápidas, às quais pedia para responder no mais curto espaço possível:
Alameda Digital - É um exemplo de como se pode fazer divulgação cultural e crítica num sentido pró-nacional sem cair na armadilha do radicalismo. Nela colabora muita gente de grande cultura, talento e sentir nacional, podendo eu orgulhar-me de com eles compartilhar esse recomendável espaço.
Metapedia - É um projecto interessante embora mais uma vez pareça ser um decalque de um modelo estrangeiro. A tendência identitária parece-me prevalecer, há que enriquecer o site com o contributo de todos.
Horizonte - É um blogue que nasceu por pressão de leitores e amigos quando decidi encerrar o “Santos da Casa”. Não tem a vitalidade deste, procurei fazer um espaço mais virado para a reflexão e as artes, menos preso à actualidade, sem abdicar do combate nacional. Os leitores que julguem.
Último Reduto - Ter conhecido o Pedro foi uma das grandes satisfações da minha incursão blogosférica. Ainda por cima é pastel sofredor, como eu! Foi o primeiro blogueador com quem entrei em contacto. O blogue perdeu fulgor mas quando o autor tem tempo para escrever delicia-nos com a sua prosa penetrante, inteligente e extremamente divertida.
Nova Frente - Foi com o Bruno que travei as mais saudáveis polémicas na blogosfera, não porque estejamos em posições antagónicas mas pela sua predisposição em discutir temas tão variados como o iberismo, a acção dos partidos e o interesse das obras do escritor hoje desconhecido Luís de Araújo! O BOS é, com o Dragão, a pena mais inspirada dos blogues lusos. Aqui e ali parece-me demasiado radical (ou expedito) a fazer juízos de valor, é o seu estilo, é a sua maneira franca de actuar.
Sexo dos Anjos - Com os dois anteriores formava o triunvirato que tanta gente inspirou a criar um blogue - na qual me incluo. Deles se distingue pela maior experiência de vida do autor, já mais calejado nestas lides. É um exemplo de perseverança e de incentivo a muitos blogueiros, não se coibindo de sugerir melhorias, comentários ou temas a considerar.
Fascismo em Rede - É o blogue que mais mudou neste quase quatro anos. Começou por ter uma postura desafiadora, irónica; estimulou a abertura de blogues, a criação de uma rede nacional; deu-nos páginas de memórias muito interessantes; divulgou n textos de autores de referência no nosso campo. Há um ano que praticamente se limita à divulgação de espaços nacionais e estrangeiros, de eventos, de acções políticas. Por essa via passou a ser um blogue pouco comentado.

1 Comments:

At 6:36 da tarde, Blogger Flávio Santos said...

Obrigado pela referência, caro Manuel.

 

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