segunda-feira, abril 23, 2007

O que a vida mostra e o que ela esconde

Frequentemente o criticismo é apenas má língua, o descontentamento é apenas inveja, a revolta é só o desgosto de não poder fazer o mesmo e ser como eles.
Por isso se enganam tantas vezes os diagnósticos daqueles que tomam como profundo mau estar político o que resulta da soma das conversas de barbeiro, dos desabafos de autocarro, das fúrias dos taxistas, dos boatos insidiosos e das anedotas maldosas dos salões.
A verdade é que vivemos num país de contentinhos, onde a cultura dominante é a do arranjinho, do amiguismo, do fazer pela vida como se pode.
Podemos todos passar anos a dizer o pior possível destes e daqueles e depois vamos votar esmagadoramente neles.
Quem ganha, por responder exactamente ao que a maioria gostava de ser ou ter, são heróis populares como Valentim, Isaltino ou Fátima Felgueiras. Ou Sócrates.
Os nossos contemporâneos empanturram-se com telenovelas, mas têm heróis na vida real. São sobretudo essas legiões de gente desenrascada que triunfa na política e nos negócios, no futebol, na bolsa ou na vida social. Nesses é que o povinho se revê, ora com admiração ora com dor de cotovelo - mas sem sombra de reprovação.
Não venham com moralismos anacrónicos, que o pessoal não se impressiona. O que esses fazem ou fizeram, os outros ou fizeram ou fazem o mesmo e se não fizeram nem fazem é só porque não podem ou puderam.
Como todos sabem, não há ninguém que mexa no mel e que não lamba os dedos. E do que é doce é que toda a gente gosta.

3 Comments:

At 4:37 da tarde, Blogger Flávio Gonçalves said...

Pronto, com tanta realidade social vou começar a semana deprimido...

 
At 5:57 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O jornalistada SIC foi para o tunel do marques no dia 25 de abril aenvenar o POVO para dizerem mal da camara de LISBOA. Tiro pela culatra . Entao investiu contrao povo desarmado marrando e dizendo asneiras. coitado. Muda de profissao. vaia falar de economia.

 
At 7:29 da manhã, Anonymous Anónimo said...

"A verdade é que vivemos num país de contentinhos, onde a cultura dominante é a do arranjinho, do amiguismo, do fazer pela vida como se pode."

E é espantoso que ninguém perceba que é tudo a fingir...

Nuno

 

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