segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Perversões ideológicas

Conheço muitos diabéticos, que não escolheram sê-lo, e todos para disporem das seringas e da insulina que lhes são indispensáveis à vida precisam de as comprar nas farmácias.
Ao contrário e desde há anos os cidadãos que sejam toxicodependentes têm a possibilidade ilimitada de dirigir-se a qualquer farmácia e exigir o respectivo kit, para continuarem a drogar-se (acto este que todavia é ilícito). O tal kit, com seringa e o mais, é-lhes fornecido gratuitamente, como um direito próprio.
Não sabemos quanto nos custa esta liberalidade, pelo menos eu nunca vi ninguém perguntar nem nenhum responsável esclarecer.
Todos os especialistas na matéria aconselham a generalização da vacina contra o cancro no colo do útero. De acordo com números que são públicos, em cada ano são detectados em Portugal 900 novos casos desse tipo de cancro e morrem 300 mulheres devido a essa causa.
É pacífico que a vacinação das adolescentes, antes de iniciada a actividade sexual, permitiria assegurar a protecção adequada a evitar a continuação do flagelo, sendo mais fraca, mas ainda assim importante, a protecção alcançada com a vacinação em momentos posteriores.
Todavia, nem essa vacina está incluída no plano nacional de vacinação, ou em vias de o ser, nem existe comparticipação aprovada para quem a pretenda fazer por sua iniciativa, apesar de ter sido pedida essa aprovação.
Ou não há dinheiro ou deve valer pouco politicamente salvar essas mulheres.
Não me é possível falar disso sem lembrar as dezenas de milhões de euros de que o senhor Ministro declarou dispor para financiar o imperativo aborto.
A este propósito, pode observar-se que à face das leis existentes uma jovem menor de idade não pode comprar álcool ou tabaco – mas a mesma jovem, se forem avante projectos anunciados, poderá livremente dirigir-se a um hospital e declarar que pretende fazer um aborto. Será direito seu, de livre exercício sem tutelas nem constrangimentos – e com o custo a cargo da fazenda nacional.
As tais leis anunciadas traduzem-se em que face ao ordenamento jurídico português está mais protegido um ovo de pintassilgo em seu ninho do que um embrião no ventre de sua mãe. Ao primeiro bem jurídico corresponde tutela penal, é crime destruí-lo, e a esse crime reage o direito estatuindo pena de prisão e multa. Ao embrião humano não só será lícito destruí-lo livremente, como até parece que essa destruição será um direito subjectivo que passa a existir na esfera jurídica da mulher grávida.
Longo e penoso é o caminho, numa sociedade em que se atingiu este ponto: já não é só confusão dos espíritos, estamos a olhar para a inversão, a perversão de qualquer critério normal.

2 Comments:

At 8:02 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Em 25 de Abril de 1974 houve uma revolução corporativa, geralmente designada por "revolução dos cravas".
Iniciou com força a via para o comunismo e aterrou no socialismo - se é certo que o CDS está rigorosamente ao centro (?), então em que ponto está e o que temos à sua esquerda?
A "geometria política é fácil".
Daí resultou a completa degradação da sociedade portuguesa que já não tem, em geral, valores a defender.
O sistema que se instalou teve o maior cuidado em se prevenir e hoje difícil será que as nossas miseráveis forças armadas possam fazer um levantamento.
Não sendo as forças armadas, quem pode dar a volta ao texto.
Na assembleia de ratos todos se queixam e dizem o que é preciso fazer ao gato que os não deixa em paz. Todos sabem a solução.
Pois, pois... mas quem é que vai pôr o guizo ao gato?

 
At 7:38 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Está à vista que não aparece nenhum voluntário para tratar do gato...

Nuno

 

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