quarta-feira, setembro 27, 2006

Glórias efémeras

Há glórias muito passageiras. São como rosas de um dia.
Como eu desconfiava, o estranho entusiasmo gerado à volta do Papa Bento XVI na sequência do seu já célebre discurso de Ratisbona não resistiu à passagem de uns breves dias.
Muitos dos elogios e encorajamentos não se baseavam no que se disse, que era aliás geralmente ignorado, antes aproveitavam para tentar cavalgar uma onda, visando intenções de todo alheias às do Papa.
Não me refiro às reacções ocorridas no mundo islâmico, as quais obviamente também não é possível situar numa relação causa-efeito com o teor do discurso e, ao contrário, são completamente independentes do que foi dito.
Refiro-me antes ao coro suspeito e pouco afinado que se fez ouvir do lado de cá. Com efeito, no mundo ocidental as palavras do Papa têm ainda razoável audiência e foram ao depois divulgadas. Ora se no universo islâmico essas palavras não interessam, sendo indiferente o seu conteúdo, a verdade é que do lado de cá a divulgação do discurso teve uma consequência fulminante: gelou boa parte do auditório, e calou o coro.
Desde que o discurso começou a ser lido veio ao de cima o mal estar; e o Papa começou a apanhar de todos os lados, como é destino inevitável de quem ouse levantar a voz contra o espírito do tempo, e o seu programa de realização.
Fanaram-se as rosas; tudo regressou à normalidade.

2 Comments:

At 6:55 da tarde, Blogger Mendo Ramires said...

... E afogaram-se muitos peixinhos vermelhos em pia-de-água-benta...!

 
At 3:52 da manhã, Blogger Miles said...

Eh! Eh! Eh!

 

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