segunda-feira, agosto 14, 2006

Marcello Caetano

No passar do centenário do nascimento de Marcello, parece estar a dar-se um curioso crescimento do interesse dos observadores da vida política portuguesa do século XX quanto à polémica personalidade do Professor.
Não falo dos exercícios algo freudianos dos filhos políticos de Marcello, como Diogo Freitas do Amaral e Marcello Rebelo de Sousa - que parecem querer falar do outro para encontrarem um modo novo para falar sobre si mesmos, como sempre fazem. Não falo também do interesse de Vasco Pulido Valente, sempre consabidamente narcísico e superficial.
Refiro-me aos bons textos surgidos na blogosfera.
Tinha anotado aqui há tempos os interessantes ensaios de Rui Albuquerque que se chamaram "O Mal Amado" e "Os Filhos do Viúvo".
Apareceram agora os artigos de Paulo Cunha Porto, intitulado "Marcello com 2 ll" e de Miguel Castelo Branco, com o título "Salazar e Caetano".
Finalmente, recorde-se o velho texto de Manuel Maria Múrias: O Marcelismo. Este foi escrito a quente, logo em Julho de 1974. Creio que, para além de Manuel de Lucena, terá sido o primeiro escritor político a tentar a caracterização do "marcelismo". E, com o devido respeito, está lá tudo o que de útil os outros dizem.

1 Comments:

At 9:38 da manhã, Blogger Paulo Cunha Porto said...

Meu Caro Manuel:
Manuel Maria Múrias era enorme e o texto do Miguel, de uma escrita admirável, dá pistas importantes sobre a condenação ou não do Estado Novo à Figura de Salazar.
Hoje, quanto mais penso na actuação pública marcellista - que não se resume ao consulado respectivo -, mais acredito que a admiração pelo conservadorismo inglês terá feito derivar o involuntário coveiro do Estado Novo para uma imitação da preocupação de garantir os apoios para a promoção da própria carreira, que são naturais na Albion e nela coexistem com o serviço público, mas que por cá dão o pior que imaginar se possa.
Não se vê nele, em momento algum, a assunção do papel de Instrumento de desígnios perenes e mais altos, como era notório em Salazar. E nessa redução do Bem Comum ao que em cada momento achasse por bem expelir da caneta reside toda a diferença.
Abraço.

 

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