quinta-feira, agosto 24, 2006

E ficou tudo pior

A opinião do jornalista Ruben de Carvalho:

Assiste-se nos últimos dias a uma curiosa modificação do discurso dos comentadores que tiveram uma posição - quase sempre exuberante, diga-se de passagem - de apoio a Israel na sua agressão ao Líbano.
A mais frequente das afirmações é a de que a "comunidade internacional" se portou muito mal ao não acompanhar Telavive na sua demencial destruição de bairros, escolas, fábricas, estradas, pontes, etc., tudo objectivos que manifestamente jamais se poderiam enquadrar numa acção para salvar dois soldados "raptados" pelo Hezbollah.
A afirmação pode ser analisada de dois ângulos. Por um, revela até que ponto a cega defesa da política israelita leva a ignorar completamente os inaceitáveis custos humanos e materiais provocados por toda esta aventura. Mas, mais grave, revela que, tornado claro o erro, o proselitismo leva à crítica de quem, desde a primeira hora, a condenou.
A questão assume ainda outros contornos. É uma evidência que, tendo em conta as posições que se conhecem, haveria todas as probabilidades de Israel ficar exclusivamente com o militarmente poderoso mas politicamente embaraçoso apoio da Administração Bush. Foi efectivamente o que se passou, mas o grave da questão é que seria de elementar bom senso tê-lo em conta desde o início. Os israelitas não o fizeram e esse é mais um dos factores de crítica que hoje se ouvem em toda a parte - em Israel inclusive.
Por duas vezes no último mês esta coluna falou de um factor que se afigurava de certa forma novo: o despudor israelita não o era, mas tudo indicava uma falta de sensatez, de controlo, de elementar bom senso inteiramente inquietante. Agora, surgem as surpresas com a "capacidade de resistência" do Hezbollah, o seu armamento, a reacção internacional. A Mossad não sabia dos mísseis ou dos equipamentos antitanque? Os Negócios Estrangeiros não previram que nenhuma opinião poderia apoiar os bombardeamentos dos F16 israelitas? O Tsahal não estuda o adversário antes de se lançar em guerras?
O pior problema, contudo, é que, sendo certo que toda a situação no Médio Oriente e no mundo piorou, os principais protagonistas continuam os mesmos. E agora? George W. Bush continua na Casa Branca.

4 Comments:

At 1:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Até o Ruben de Carvalho vale....chiça!!

 
At 2:00 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Seria cómico, se não fosse intelectualmente trágico, ver um comunista a ficar aborrecido por causa dos 'custos humanos'.

 
At 7:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Até o Ruben de Carvalho?! Bolas!

Francisco Nunes

 
At 2:31 da manhã, Anonymous Anónimo said...

A resposta, à altura, foi dadao pelo Miguel Castelo-Branco no Combustões.

 

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