quinta-feira, abril 20, 2006

Justiça de Arroto a Zurro

Soube agora mesmo, e por acaso, que o Ministério da Justiça obrou recentemente um curioso documento intitulado "Justiça de A a Z - um ano de governo", para assinalar as suas prodigiosas realizações na área da Justiça.
Comentando o opúsculo, assinado por Alberto Costa, Conde Rodrigues e Tiago Silveira (os mestres da obra), Francisco Bruto da Costa fala de presunção e água benta, e chama-lhe um memorando auto-laudatório digno de um estudo psicanalítico.
Acrescenta que os autores dão a sensação de viverem num universo virtual, em que, a par de um notório divórcio da realidade, uma das notas mais salientes é a falta do sentido do ridículo.
Também fui ler esse anuário dos milagres, no qual o Sr. Ministro da Justiça, o Sr. Secretário de Estado Adjunto e da Justiça e o Sr. Secretário de Estado da Justiça (não me perguntem a diferença entre estes dois cargos) nos dão conta dos seus feitos durante este ano digno de epopeia: "o testemunho das políticas e das reformas que o governo do Primeiro-Ministro José Sócrates desenvolveu e desenvolve na área da Justiça".
São 46 páginas de maravilhas. O estilo literário é o celebrizado como guterrista: anúncios, promessas, projectos, anteprojectos, estudos, relatórios, comissões, avaliações, observatórios, unidades de missão, debate, implementação (muita), processo, procedimento, publicidade, propaganda. Muita treta, e muita peta.
Uma alma menos caridosa do que eu não resistiria a crismar a obrinha de ... Justiça de Arroto a Zurro.

1 Comments:

At 7:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

http://intervisao.blogspot.com

 

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