domingo, março 19, 2006

OPAs

A intitulada "carta aos accionistas" enviada pela administração da PT (na realidade uma desenvolvida brochura publicitária) atinge extremos de peixeirada!
Destaco esse tom pela sua singularidade: com efeito, a exaltação das virtudes próprias faz parte dos costumes institucionalizados mas invectivar o inimigo daquela forma, sem freios na... liberdade de expressão... é deveras fora do comum.
A crer na autenticidade da mensagem os baronatos instalados na PT estão mesmo na disposição de matar ou morrer. O panfleto está assinado por Ernâni Lopes e Miguel Horta e Costa!
Por cá, os hábitos não são esses. O nosso suave "capitalismo" nunca se distinguiu por qualquer lei da selva. A regra é antes a inversa: nunca se tira o sustento a ninguém, trocam-se apenas os lugares à manjedoura.
Poderá depreender-se daqui que neste caso é diferente, e que é genuína a disposição bélica?
A ver vamos. Já houve outros casos em que se ouviu muito barulho para nada, ou, melhor dito, para regatear o preço do negócio. A ser assim, ainda se veria que os barões não estão propriamente a lutar pela pele mas simplesmente a vender-se mais caro.
Maiores são os mistérios na outra OPA. Até agora a contenção tem imperado, se excepcionarmos umas palavras de ordem de Santos Silva. São, porém, mais as interrogações do que as certezas quanto à operação, e desde logo quanto à sua preparação. Afinal, quem terá estado por dentro da iniciativa? Desde logo, verifica-se que alguns já lograram fazer muito em poucos dias - de modo que até a autoridade resolveu investigar.
Com mais um pouco de espera talvez se possa começar vislumbrar com mais nitidez os verdadeiros contornos do acontecimento, e nomeadamente quem esteve por dentro e quem está realmente de fora - o que não se apresenta como evidente de momento.