sexta-feira, outubro 28, 2005

Lembranças macaenses

Na edição de hoje de "O Independente" o conhecido advogado José António Barreiros, que também exerceu funções governativas em Macau juntamente com Alberto Costa, recorda como há 17 anos demitiu o actual Ministro da Justiça por causa do escândalo das pressões deste sobre o então juiz de instrução criminal em Macau, relacionadas com a investigação de um caso que envolvia os soaristas e a televisão de Macau.
Como a memória em Portugal é sempre demasiado curta, sublinho a importância de relembrar estes episódios - até para que se perceba que na raiz dos desentendimentos entre os actuais responsáveis políticos e as magistraturas não estão propriamente as discussões sobre o regime de assistência na doença.
Nem seria precisa muita atenção para reparar que nos últimos dias o Ministro Alberto Costa já se foi descaindo a falar em revisão constitucional e em alterações ao direito de greve. As questões relativas à segurança social dos magistrados e mesmo ao respectivo estatuto remuneratório pouco espaço ocupam na cabeça do Ministro, e de outros responsáveis políticos. O que está em causa, permanente e obsessivamente, é o enquadramento constitucional e legal que define o estatuto das magistraturas. Não tenhamos medo das palavras, o que se pretende é realmente a subversão do sistema existente, consagrando uma efectiva submissão das magistraturas ao controle do poder político.

1 Comments:

At 12:16 da manhã, Anonymous Anónimo said...

A mim me parece que, quando em 2003 o Juíz Rui Teixeira entrou na Assembleia da República armado de um mandato de prisão por crime hediondo do jovem deputado Paulo Pedroso, ex-Mimistro do Trabalho e da Segurança Social, afilhado do Presidente da República, verdadeiro delfim do Partido Socialista, a mim me parece que nessa altura muitas cuecas se sujaram pelas bandas do chamado Centrão. E para se tomarem as medidas necessárias para que tal não se repita, para que o poder judicial não julgue ter a independência que lhe possibilite julgar o poder político, foram buscar para Ministro da Justiça um tal Alberto Costa, que tem no seu corriculo ter sido desertor do exército para fugir àguerra colonial, ter tido uma má relação com um polícia que lhe causou um trauma que se veio a refletir na forma como, sendo nomeado Ministro da Administração Interna, se relacionou com as polícias em geral. Este tal Aberto Costa, agora Ministro da Justiça, tem ainda no seu corriculo a recomendável "história"de ter sido exonerado de Chefe de Gabinete do Secretário-Geral da Justiça em Macau por ter repetidamente feito pressão ou mesmo tentativa de aliciamento por corrupção de um Juíz que mandara prender preventivamente dois serventuários de Mário Soares que por aquelas bandas andavam nos negócios da Televisão e esse juiz ter participado essas tentativas de persuasão. Portanto esse tal Alberto Costa, exonerado em Macau de Chefe de Gabinete do secretário-geral da Justiça por ter exercido pressões ilegítimas sobre um juíz, é hoje o Ministro da Justiça encarregue de reduzir a independência dos juízes face ao poder político aos níveis que ele sempre achou que deveriam estar: de subordinação.

 

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