sexta-feira, setembro 23, 2005

Cegos, Mudos e Surdos

O jornalista Joaquim Vieira, que não é propriamente um desconhecido (director da "Grande Reportagem", presidente do Observatório da Imprensa, ex-director de Programas da RTP, ex-director-adjunto do Expresso, sei lá que mais) fez publicar há pouco tempo este pequeno artigo, na sua rubrica “Os passos em volta”.
O país não deu qualquer sinal de o ter lido. Por agora, só me ocorre uma pergunta: haverá mesmo continuação?

O POLVO (1)
Além da brigada do reumático que é agora a sua comissão, outra faceta distingue esta candidatura de Mário Soares a Belém das anteriores: surge após a edição de “Contos Proibidos – Memórias de um PS desconhecido”, de Rui Mateus.
O livro, que noutra democracia europeia daria escândalo e inquérito judicial, veio a público nos últimos meses do segundo mandato presidencial de Soares e foi ignorado pelas poderes da República. Em síntese, que diz Mateus? Que, após ganhar as primeiras presidenciais, em 1986, Soares fundou com alguns amigos políticos um grupo empresarial destinado a usar os fundos financeiros remanescentes da campanha. Que a esse grupo competia canalizar apoios monetários antes dirigidos ao PS, tanto mais que Soares detestava quem lhe sucedeu no partido, Vítor Constâncio (um anti-soarista), e procurava uma dócil alternativa a essa liderança. Que um dos objectivos da recolha de dinheiros era financiar a reeleição de Soares. Que, não podendo presidir ao grupo por razões óbvias, Soares colocou os amigos como testas-de-ferro, embora reunisse amiúde com eles para orientar a estratégia das empresas, tanto em Belém como nas suas residências particulares. Que, no exercício do seu “magistério de influência” (palavras suas, noutro contexto), convocou alguns magnatas internacionais – Rupert Murdoch, Sílvio Berlusconi, Robert Maxwell e Stanley Ho - para o visitarem na Presidência da República e se associarem ao grupo, a troco de avultadas quantias que pagariam para facilitação dos seus investimentos em Portugal. Note-se que o “Presidente de todos os portugueses” não convidou os empresários a investir na economia nacional, mas apenas no seu grupo, apesar de os contribuintes suportarem despesas da estada. Que moral tem um país para criticar Avelino Ferreira Torres, Isaltino Morais, Valentim Loureiro ou Fátima Felgueiras se acha normal uma candidatura presidencial manchada por estas revelações? E que foi feito dos negócios do Presidente Soares? Pela relevância do tema, ficará para próximo desenvolvimento.

2 Comments:

At 12:22 da manhã, Blogger xatoo said...

óbviamente!
a Visão e o Expresso, estão ao serviço da candidatura de Cavaco.
a Direita congregada em redor do Balsemão do Bildelberg pretende uma solução bonapartista liderada por um duro para um governo autoritário da Goldman Sachs,
com o Borges à cabeça do PSD

 
At 10:11 da tarde, Anonymous Anónimo said...

E continuou, com o quarto artigo da série, este sábado...

 

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