sexta-feira, agosto 26, 2005

Quatro campanhas num ano, e aborto no Natal?

Com os comentários concentrados nas presidenciais que se aproximam, e com a curta memória que caracteriza as massas e os media, não vejo reparos ao extraordinário calendário da nossa vida política neste período de um ano que vai desde o princípio de 2004 aos primeiros meses de 2005.
Na verdade, se tudo correr como está superiormente previsto, os eleitores portugueses irão ser chamados às urnas quatro vezes em menos de um ano, entre o passado mês de Fevereiro e Janeiro de 2006.
Assim, em Fevereiro de 2005 tivemos as eleições para a Assembleia da República. Passadas as legislativas, e apesar das férias e dos incêndios (um transtorno lastimável, que obrigou ao desperdício de tempo e energias que tão precisos eram na preparação atempada das autárquicas), entrou-se na organização das eleições de Outubro.
Estamos agora em plena campanha eleitoral - os partidos com os motores a trabalhar a todo o vapor, afadigando-se na disputa dos lugares das Câmaras e Juntas de Freguesia.
Ao mesmo tempo, o Partido Socialista garante que será convocado novo referendo sobre a questão do aborto (leia-se para legalizar o aborto) a realizar antes das eleições presidenciais. Já preparou aliás a necessária cobertura legal para tanto. Conta com Sampaio, que por esse modo protagonizará o último acto político significativo do seu mandato.
Considerando as exigências temporais relativamente à antecedência da marcação, isto significa que o país político vai impor a funçanata abortista em pleno período natalício - provavelmente a 18 de Dezembro, que é Domingo.
Um prodígio de sensibilidade e equilíbrio.
E finalmente, na primeira quinzena de Janeiro de 2006, os portugueses irão eleger um novo Presidente da República.
Um fartote. Os profissionais andam ocupadíssimos. A política é realmente uma ocupação a tempo inteiro. Logicamente desenvolve-se também uma verdadeira indústria à volta disso (os políticos, os publicitários, as agências, os técnicos de marketing, os especialistas de imagem e comunicação, os angariadores de fundos, os gráficos, os coladores de cartazes, os animadores de comícios, os jornalistas avençados - toda uma panóplia de gente e actividades, tal como acontece na chamada "indústria dos incêndios").
O país, e com este o cidadão comum, tem que continuar a viver. Com toda a naturalidade sentirão cada vez mais mais que não fazem parte desse universo e têm que sobreviver a ele, sem ele e apesar dele.

1 Comments:

At 12:44 da tarde, Anonymous Anónimo said...

"Um prodígio de sensibilidade e equilíbrio"

Porque não a 25 de Dezembro?

diogenes

 

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