domingo, junho 26, 2005

Jovem, vem aprender técnicas de desobediência civil!

Extractos de uma notícia do "Portugal Diário":
Num acampamento destinados aos jovens, o Bloco de Esquerda tem no menu um workshop, no mínimo, original. Chama-se «técnicas de desobidiência civil». A ideia é ensinar aos mais novos o «básico» para puderem estar preparados para o futuro. Sobretudo, para as futuras manifestações que a comunidade estudantil promete para os próximos tempos.
Os jovens do Bloco de Esquerda reúnem-se no próximo mês de Julho. O nome «técnico» deste workshop está incluído num programa «artístico».
José Soeiro do Bloco de Esquerda explicou ao PortugalDiário que esta actividade «consiste basicamente em ensinar as técnicas de desobediência civil». Aprender a fazer «boicotes», «ocupação de espaços públicos», «como se comportar numa manifestação» e «como resistir a uma agressão policial» serão alguns dos temas abordados. E necessários para os dias de contestação que correm.

Esta conclusão sobre a necessidade desses temas não se entende muito bem se é do dirigente do BE ou se pertence à jornalista redactora da notícia.
Mas em todo o resto é assim: a óptica com que os factos são transmitidos é no mínimo deslumbrada, limitando-se acriticamente a amplificar para o público destinatário a mensagem que os estrategos bloquistas querem transmitir sobre as suas iniciativas (a originalidade, a irreverência, a juventude, a adequação aos "dias que correm", ao "futuro" - está lá tudo, até os erros de ortografia).
Não admira nada: a gente do Bloco de Esquerda, tal como a das lésbicas, gays e afins de que falámos já, mesmo quando não coincide, é gente do lado certo, e não desperta entre a comunidade jornalística qualquer sentido crítico.
Um pouco mais à frente a jornalista informa sem se rir que "Este tema está incluído nos «workshops artísticos» que integram o acampamento do Bloco, e é já o segundo ano em que o curso é ministrado", e conclui quase batendo palmas que "na senda da irreverência característica do Bloco de Esquerda, um workshop em desobediência civil é «obrigatório» para ingressar nas fileiras da contestação".
Sentido da história: é tudo "irreverência característica do Bloco de Esquerda", obviamente admirável.
Se entre as disciplinas desses "workshops artísticos" se incluírem temas do género "cultivar cannabis no quintal", "tiro na bófia", "bombas faça você mesmo", ou outros igualmente arrojados, o jornalismo de estilo dirá em êxtase que a irreverência está ao rubro.

8 Comments:

At 5:12 da tarde, Blogger Rodrigo N.P. said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 5:13 da tarde, Blogger Rodrigo N.P. said...

Um partido político com assento parlamentar que faz «workshops» de desobediência civil, deveria ser motivo de riso. Este partido também é o mesmo que ensina os imigrantes ilegais a contornarem a lei portuguesa...

Pode-se dizer que estão ali a ser fabricados os futuros instigadores de umas «Brigadas Vermelhas» à portuguesa, para grande orgulho da classe jornalística, por certo.

 
At 9:25 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Vocês, pobres e retrógados reaccionários, não percebem que se trata de «performances» políticas? De vanguarda criativa com alto conteúdo ideológico? Ainda há-se sair a crítica no «Público», e no «JL» e tudo...

 
At 9:27 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Ups! O último comentário é meu, postei mal, peço desculpa. Como eu dizia, até há-de ter crítica do Augusto M. Seabra e tudo, olarilas!

 
At 12:30 da manhã, Blogger Suevo said...

Quem deve dar aulas sobre isso é a Alda Macedo, mas essa vai ser processada pelo executivo do Rui Rio.

 
At 10:18 da manhã, Blogger O Corcunda said...

Não será o suficiente para a ilegalização do grupelho?

 
At 11:21 da manhã, Blogger acja said...

HA HA VOCÊS ACHAM QUE ISSO É INÉDITO NÉ?NÃO O NOSSO MST JÁ DÁ AULAS ASSIM HÁ ANOS.O BRASIL É OU NÃO É UM PAÍS DE VANGUARDA?

 
At 6:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Li o mesmo que o senhor e não me pareceu anuência do jornalista em relação ao tema. Pelo contrário, há uma linha de ironia que atravessa todo o texto. Não se pode tomar a árvore pela floresta e se é verdade que o Bloco dá-se bem no meio da comunicação social, nem todos os jornalistas alinham pelo mesmo diapasão. Neste caso, parece-me claro que o jornalista em questão fez questão de rir durante toda a peça. Aliás, o título é disso exemplo.

Maria Marques

 

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