sexta-feira, fevereiro 18, 2005

CASO ZUNDEL & PROPAGANDAS

A propósito da temática referida no título acima remeteu-me Fernanda Leitão a sua resposta que publico a seguir.

A intervenção do Sr. Elio Capitolino autoriza-me a alguns reparos:
1. Manipulação mediática.
Não tenho razão nenhuma para acreditar que a imprensa canadiana é um veículo da propaganda sionista, nem para acreditar que é tão facciosa como as propagandas sionista, comunista, fascista, nazi e quejandas. Temos imprensa livre e cabeça para pensar, não somos mentecaptos a reboque de iluminados de origem vária.
2. Soberania e ilegalidade.
O Sr. Zundel emigrou para os Estados Unidos e aí viveu em paz até ao momento em que passou a ter problemas com o governo do país. Entretanto, entrava e saía livremente do Canadá - na sua qualidade de turista, de visitante - como qualquer pessoa do mundo. Depois de ter problemas com os USA, visitou mais uma vez o Canadá e deixou-se ficar aqui, tendo requerido o estatuto de emigrante residente. Esse processo leva vários meses, às vezes até anos, a elaborar e concluir. Ilegal, no Canadá, é todo aquele que, não tendo recebido o estatuto de emigrante residente ou de cidadão, vive no território com um estatuto precário, delicado e de espera incerta. Para avaliar destes pedidos, o Canadá não consulta os USA nem anda às ordens dos USA. Muitas vezes uma pessoa maltratada nos USA, é recebida e amparada no Canadá - e esta é um tradição que vem desde os lealistas que não participaram da guerra da independência dos USA até aos que recusaram fazer a guerra no Vietnam e no Iraque, passando pelos milhares de negros que fugiram à escravatura praticada naquele país. Os Estados Unidos da América são um país, o Canadá é outro país. Ambos soberanos.
Quem espera pelo desfecho de um processo de emigração, não faz como fez o Sr. Zundel. Não estamos a imaginar nada, estamos a recapitular as muitas reportagens passadas na TV sobre as suas "reuniões" e "manifestações" com uns latagões exibindo suásticas e toda uma parafernália que só podia desagradar à opinião pública e ao país de acolhimento. Quem assim procede arrisca uma deportação. E é o que está em causa com o Sr. Zundel, não sendo muito um ano de prisão preventiva por ser preciso avaliar o caso em todos os pormenores e por se tratar de um abuso público feito ao país de acolhimento. Porquê este cuidado? Porque se trata de uma formação ideológica que convida à violência e ao ódio.
3. Holocausto.
Se Hitler queria expulsar os judeus todos, como afirma a prosa do Sr. Elio Capitolino, não se percebe por que razão os assassinou, de forma bárbara, em vários campos de concentração. Ou mentem os filmes directos feitos quando os aliados chegaram a esses campos? Foi montagem? Só faltava essa... Hitler podia ter carregado vários barcos com judeus e largá-los em países longínquos, contra uns dinheiros que países paupérrimos aceitariam. Mas não foi assim. Pior, sabe-se da dificuldade que tiveram os judeus em conseguir passaportes para fugirem do "paraíso nazi".
Negar estas evidências é tão estúpido e grave como desculpabilizar as matanças, os genocídios, os holocaustos praticados na União Soviética (o que inclui todos os países satélites), no Cambodja, no Ruanda, na Bósnia, no Kosovo, etc. Não há matanças boas e matanças más, há matanças e mais nada. Não há nenhuma razão ou ideologia que as possa legitimar, porque cada uma delas e todas elas são um atentado contra a Humanidade.
4. Canadá, país de emigrantes
O Canadá é um país feito por emigrantes de 160 países. Ninguém veio para este país fazer turismo. Milhões de pessoas perseguidas e injustiçadas nos seus países, escolheram o Canadá para refazerem as suas vidas. Milhões de pessoas que fugiram a "paraísos" comunistas, nazis, sionistas, fascistas, de fanatismo religioso, etc. Quem bateu com a porta e escolheu o Canadá quer paz, quer um país de tolerância e boa vontade, não quer ver repetidos no país de acolhimento os desatinos e abusos dos seus países de origem. Ninguém aqui está interessado em dar asas a estes apóstolos do ódio e da violência, porque todos sabemos, na carne e na alma, ao que levam esses apóstolos e esses grupos: a guerras sangrentas, como as que já flagelaram a Europa e outros continentes. No Canadá, o voto do povo tem força. E a imprensa também tem força. E não estamos dispostos a abdicar dessa força pacífica.
5. Mártires
Compreende-se que queiram fazer do Sr. Zundel um mártir. Mas essa é uma maneira de fazer política que dá maus frutos. Que ganhou o Hitler em matar os judeus? Perdeu a guerra e morreu como um cão raivoso, ao passo que os mártires que ele fabricou ficaram com uma força que se tem tornado perniciosa. Vidé o que se passa no Médio Oriente e nos meios financeiros internacionais. Quem lhes deu essa força foi o Hitler (que, por grande acaso, era filho dum judeu) e os seus seguidores cegos. E depois, quem tem de aturar esta chatice toda somos nós todos.
6. As internacionais
Não será de esperar que eu consulte os sites indicados por saber o que a casa gasta. Não consulto esses como não consulto os sites do fascismo, do comunismo, do sionismo, do terrorismo. Porque eu não pertenço à IO (Internacional do Ódio). Pertenço à IC (Internacional Cristã). É mesmo o único rebanho a que pertenço. O facto de ser cristã impede-me de alinhar com ideologias sectárias, violentas e perversas.

Fernanda Leitão