quinta-feira, dezembro 30, 2004

Um candidato natural

Com as aflições em que vejo os grandes partidos para comporem airosamente as suas listas para as próximas eleições é inevitável que o olhar perscrute o horizonte à procura dos vultos representativos da actualidade que vivemos.
Quem, para representar a nossa gente e o nosso tempo? Quem, para arrastar o entusiasmo das multidões e alcançar enfim a identidade profunda entre representados e representante?
E o olhar detém-se, preso como por íman irresistível, na figura que entre todas se impõe entre os nossos contemporâneos.
Obviamente. O candidato natural é o Zé Vieira, aliás José Castelo Branco, aliás Tatiana Romanova, aliás “o Conde”, aliás White Castle, aliás o WC.
Este é o português do nosso tempo: náufrago de Moçambique, prostituto do Parque, travesti do Trumps, chulo bem sucedido, marchand sem nada para vender, sotaque pedante e pontapés na gramática, vedeta das revistas cor-de-rosa, borboleta tonta das luzes, das festas, do glamour das riquezas reais ou sonhadas, lição espantosa do fura-vidas que faz a nossa época.
Ele sim, é um documento vivo sobre o Portugal contemporâneo, um monumento ao desenrascanço e à vertigem destes dias de plástico, néons e lantejoulas.
Ele sim, para representar os valores, a sensibilidade, a civilização, a moral de um tempo.
Não esquecendo a menina Dulce Ferreira, já aqui assinalada, este sim, é realmente incontornável: Castelo Branco ao Parlamento!