terça-feira, dezembro 21, 2004

Gravura de Natal

Olhai a gravura que um prego sustém
Na escura parede da casa aldeã:
Menino tão lindo só Este, em Belém,
Ao colo da Rosa da Eterna Manhã.

Em torno se curvam os reis e os pastores:
Oferecem-Lhe humildes e ricos presentes!
Os anjos Lhe entoam celestes louvores!
Por coroa, um rebanho de estrelas cadentes!

Em tosca peanha de pinho, uma vela
Acende as cores mansas da ingénua gravura.
E a jarra da alegre faiança amarela
É festa de aromas de flores e verdura.

Diante da estampa sagrada, uma prece
Estreita as mãozitas há pouco em labor.
Jesus pequenino, olhai, que parece
Lançar-lhes a bênção da paz e do amor.

(São dadas as doze na torre do sino:
Os flocos de neve são flocos de lã.
Nasceu, num presépio, o Filho divino
Do ventre da Rosa da Eterna Manhã!)

António Manuel Couto Viana