sexta-feira, outubro 29, 2004

Dúvida existencial

Conforme foi declarado em Roma por Pedro Santana Lopes, Primeiro-Ministro em funções, o nosso governo propõe-se organizar uma campanha a favor do Tratado Constitucional europeu, a fim de esclarecer o povo para que este vá votar sim no referendo anunciado.
Não querendo ficar atrás em tão transcendente matéria, Jorge Sampaio, actual Presidente da República, voluntariza-se para apelar à participação dos portugueses para que estes aprovem o tal Tratado.
Como tem sido enfaticamente prometido, os senhores José Sócrates e Paulo Portas também não pouparão esforços para levar as massas ignaras a comparecer no referendo e preencher o papelinho do sim.
Estamos portanto garantidamente servidos em matéria de discussão sobre a Europa e ninguém ousará duvidar da seriedade do processo, e do elevado respeito pelas normas que regem o debate e a cidadania que regem tão excelsas personalidades.
Teremos todos os órgãos do Estado, em rigorosa manifestação de unidade, e o poder e a oposição reunidos, convergindo para nos conduzir no bom caminho.
Perante cenário tão prometedor, nem sei como hei-de fazer a pergunta teimosa que continua a bailar-me cá dentro.
Não levem a mal, mas não resisto: no tal referendo pode votar-se não?