terça-feira, setembro 28, 2004

É incrível!

O Ministério dos Negócios Estrangeiros acaba de encarregar o secretário de estado das Comunidades, Carlos Gonçalves, de conduzir um inquérito ao desprestigiante incidente ocasionado pelo ex-cônsul de Portugal em Toronto, Artur Monteiro de Magalhães.
É absolutamente inacreditável que um inquérito destes, envolvendo um diplomata que é acusado pela polícia canadiana de agressão e obstrução de justiça, que é acusado por grande parte da comunidade portuguesa de falta de respeito pelas funções e pelo estado português ao oferecer um almoço de despedida dentro do consulado em que se dedicou à nobre tarefa de lavar roupa suja do embaixador e do MNE, é inacreditável que tenha sido escolhido Carlos Gonçalves, um antigo deputado pela emigração, um homem do aparelho partidocrático, a quem deve o que é e a ninguém mais. Portanto, um homem a quem não se reconhece imparcialidade.
Já não há diplomatas de carreira, dos bons, dos garantidos, para pôr as coisas no são? Ou servem-se dum andarilho da partidocracia para melhor honrarem o espírito corporativista do MNE, esse espírito que leva a encobrir, por longos anos a fio, funcionários como este Magalhães, o Tânger, o Ritto e companhia? Será que o MNE está falido, ao menos de bons colaboradores?
É que já se especula nos meios da televisão e jornais, em Portugal, que o MNE deve estar fechado para obras, ou fechado por falência, porque, por dias e dias seguidos, os seus telefones não atendem. “É um regalo viver agora no nosso país. Não se aguenta de tanta felicidade” – dizia-me há dias, em amargo telefonema, um colega meu de Lisboa.
Não, senhores do governo, assim não nos entendemos. Assim é demais. Das duas, uma: ou há um mínimo de transparência, de correcção e de isenção, ou está o caldo entornado. Bem basta a incompetência trapalhona quanto mais estes golpes baixos. Nós, emigrantes, estamos fartos, estamos por cima da cabeça com o pessoal desconchavado que nos mandam e os silêncios que o MNE faz quando eles, depois de anarquizarem os consulados, com graves prejuízos para as comunidades, decidem armar em chicos espertos terceiromundistas.
Basta.
FERNANDA LEITÃO