terça-feira, abril 06, 2004

Uma ideia de Portugal

Sabe-se que os documentos fundamentais com que os partidos políticos procuram definir-se raramente são lidos. Nem mesmo pelos seus próprios militantes e adeptos. De certo modo isso não deixa de ser sensato, porque com frequência a identidade de um partido não está nesses escritos fundacionais mas sim na realidade que eles vêem a ser uma vez em acção.
Todavia, não deixa de ser interessante conhecer esses textos, mesmo que seja só para saber o que os seus autores desejaram que fosse, ou sonharam que podia ser, a nova realidade que tentavam configurar.
E até acontece por vezes que tais documentos valem por si: tendo passado pela página do PND, como faço de vez em quando para saber de novas do agrupamento do Dr. Monteiro, calhou a encontrar o documento "Uma ideia de Portugal", com data já de Novembro passado.
E decidi de imediato salientar aqui o valor da descoberta, o altíssimo nível intelectual de tal documento. Habituados que estamos todos a encontrar na política as banalidades do costume, na langue de bois do costume, não podemos deixar de estranhar o contraste: é um texto notável, bem escrito, bem pensado, culto e inteligente.
Deve ser lido e meditado; desde logo pelos responsáveis do partido em causa, os quais, com sincero convencimento o digo, pelo menos em grande parte estarão tão identificados com aquele documento como Júlio Dantas com o Manifesto Futurista (certamente menos, pois o Dantas ao menos leu o manifesto...)