sexta-feira, fevereiro 20, 2004

Um poema de Ungaretti

Eis uma poesia de Giuseppe Ungaretti, "La Madre", traduzida para português por Duarte de Montalegre.
Como salienta o tradutor, está "nela bem patente uma base dolorosa, de saudade e de ternura, de desejo profundo de regressar ao passado", embora a acção "se situe no futuro, isto é, no momento da morte" - o acto de "bater a Sombra"...

A Mãe

Quando o peito, num último tremor,
Tiver batido a Sombra,
E ao Senhor me conduzir, ó Mãe,
Como algum dia, me darás a mão.

De joelhos, bem firme,
Uma estátua serás perante o Eterno,
Como já te vi
Quando vivias.

Levantarás tremente os velhos braços
Como quando expiraste
Dizendo: Meu Deus, eis-me.

E só quando o perdão tiver descido
Sobre mim, pecador,
Desejarás olhar-me.

Recordarás que tanto me esperaste,
Nos olhos tendo um rápido suspiro.

2 Comments:

At 9:50 da manhã, Anonymous Anónimo said...

ola! sou uma rapariga italiana que està a fazer uma tese sobre a traduçao de Duarte de Montalegre do Infinito e A se stesso de Leopardi. Queria saber de onde vem as citaçoes que estao aqui como comentario a traduçao La madre.
Muito o obrigada!
Adeus
Silvia

 
At 11:36 da manhã, Blogger Manuel said...

Pertencem a um estudo publicado na revista "Tempo Presente" (anos 1959ou 1960).
Não tenho aqui o número da revista, mas será fácil encontrar numa biblioteca que possua a colecção (a revista "Tempo Presente" só editou 27 números).

 

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