quinta-feira, fevereiro 19, 2004

Presentes no tempo

"O nosso combate é este: - Reagir contra o reaccionarismo que pretenda regressar a formas exclusivamente próprias de épocas transactas, reagir contra o reaccionarismo que se opõe ao movimento aperfeiçoador, contra o reaccionarismo anquilosado e que paralisa, contra o reaccionarismo que nega a acção, contra o reaccionarismo obstrutor; e revolucionar contra as forças centrífugas, contra a dispersão e o particularismo, contra a cega obediência do rebanho, revolucionar contra a corrente que leva ao abismo, revolucionar contra o instinto à solta, revolucionar contra a exclusividade ou primado da matéria, revolucionar contra o fatalismo, o determinismo, o gregarismo inconsciente.
A nossa ideia é esta e, incansàvelmente, a repetimos. Reacção contra a estática, reacção contra a idolatria do que venceu, contra o poderio dos traficantes, contra a corrupção e o desvario dos tempos - isto é tempo presente. Reacção contra o plano inclinado que leva à decadência, reivindicação das abandonadas e desprezadas virtudes, dos soterrados valores, proclamação da verdade e do ideal ascendente, negação do egoísmo e do materialismo, oposição à nebulosidade, à nojenta satisfação ou às realidades aniquiladoras e nauseantes - isto é Revolução, isto é tempo presente. O que nós queremos, ao reagir, é revolver, mudar, transformar, revolucionar, avançar sempre mais além e mais alto. Queremos ser do nosso tempo, contra os erros do nosso tempo, ultrapassando a estaticidade ou a submissão ao nosso tempo - e isto é tempo presente.
Na nossa época é que temos de actuar, nela é que nos foi assinalada uma missão, é ela o nosso campo de batalha. "Toda a época é uma aventura, eu sou um aventureiro. Bela época para mim, a minha época".
Quando tanto se fala, apenas, de melancolia e luto ou de evasão para análises psicológicas e para freudianas válvulas de escape, nós achamos necessário reivindicar os direitos da claridade e da alegria, da confiança e da decisão, da luta e da esperança."