sábado, dezembro 20, 2003

Crónica judicial

Hoje todos os holofotes estão centrados nas peripécias de um processo em curso. Os títulos procuram puxar lustro aos acontecimentos, falando de coisas extraordinárias.
Por mim, lanço um olhar desinteressado. Para quem tivesse a frieza e a lucidez necessárias, tudo segue como estava escrito nas estrelas.
Como já aqui tinha previsto, a montanha inimaginável e nunca vista vai terminar parindo um mísero ratinho - e uma imensa frustração colectiva.
O aparelho judicial português não está feito para suportar o turbilhão de forças que se desencadeiam quando os poderosos são, por acidente raro, apanhados na rede. Precipita-se uma pressão tão furiosa e formidável que o frágil aparelho abre fendas e acaba por ceder, como um dique assaltado por feroz tempestade.
Em nenhum dos casos que se poderiam dar como exemplo o final foi diferente do que está à vista.
E nem me parece que haja qualquer intenção séria, da parte de quem pode, em fazer com que as coisas possam ser diferentes. Assim como está é que a Justiça serve muito bem. É eficaz para conter a canalha, que nem se sabe defender, mantém a populaça em respeito, e é manifestamente incapaz de constituir ameaça real para quem socialmente conta.
Pobre Bibi, por nascimento e destino manifestamente marcado para o sacrifício expiatório.