sexta-feira, novembro 21, 2003

QUEIMADA

Lenta, ondulante, latente,
Fulgurante ou decadente,
A longa queimada vem,
Na faixa do horizonte.

Avança desde o poente,
Enche a noite e cala a fonte.

Tudo se cala, se encerra,
Em volta na escuridão,
Toda a paisagem se aterra,
Não há estrela na amplidão:
- Que o lume, raso se aterra
Matou-lhe a cintilação.

Há cheiro a palha queimada,
A matos secos ardendo,
Gritos soando, na noite,
Há caça, louca, correndo,
Sem saber onde se acoite,
À espera da madrugada.


Francisco Bugalho