quarta-feira, outubro 29, 2003

Os católicos e a política

Nestes tempos mais próximos tem sido muito falado o apelo do Papa João Paulo II aos cidadãos católicos para que se empenhem na coisa pública, surjam activos na defesa dos princípios e valores que lhes são próprios, usando dos meios que a legalidade vigente lhes oferece e proporciona.
Cumpre observar que essa orientação não é nova, e antes tem sido uma constante nos ensinamentos papais desde a parte final do século XIX.
Em Portugal esse empenhamento traduziu-se logo nos primórdios do século, numa época de tormentas várias, pela criação do Centro Académico da Democracia Cristã, em Coimbra, sempre associado a Salazar e Cerejeira, e posteriormente no Centro Católico, que viria a ter papel importante durante a primeira república na mobilização da opinião pública católica. Na fundação destes dois organismos salienta-se a presença prestigiada do professor Diogo Pacheco de Amorim, que para além do seu contributo pessoal prolongou ainda o seu legado à causa deixando sucessores, filhos e netos que ao longo do século marcaram presença em todos os momentos decisivos da vida nacional.
Este prólogo destina-se a explicar porque fica hoje aqui um curioso documento, não muito conhecido, todavia do maior relevo para a compreensão da acção política dos católicos durante a primeira república, e especialmente as suas relações com o sidonismo, no curto período em que esse movimento marcou a actualidade.

Manifesto do Centro Católico

Aos católicos portugueses:
Vimos, em nome do Centro Católico, expor aos católicos portugueses, em termos sinceros, francos e leais, o que se nos afigura ser na hora presente dever seu indeclinável.
Começaremos por definir a missão do Centro.
Não pretende este constituir um partido, que desça à arena política para disputar o poder.
Outra e mais alta é a sua ambição. Agremiando os homens de crenças vivas e acendrado patriotismo, sem distinção nem sacrifício de ideais políticos para fazerem imperar na vida pública os princípios cristãos de justiça e caridade e reivindicarem e defenderem os direitos e liberdades da igreja.
Como cidadãos, querem os católicos ver assegurada a sua liberdade religiosa sem ofensa dos direitos de outrem.
Propõe-se ainda o Centro exercer acção moderadora sobre as paixões políticas, defendendo os interesses superiores do país, sobranceiros às competições partidárias, como supremo critério da vida pública.
É singularmente difícil e incerta a situação actual, mercê das convulsões internas e dos perigos externos.
Cá dentro, a disciplina social abalada; os princípios fundamentais da ordem esquecidos ou violados; o espírito cristão enfraquecido; a vida económica e financeira profundamente perturbadas.
Lá fora, achamo-nos envolvidos na terrível guerra mundial, solidários com os nossos aliados. Cumpre-nos afirmar bem alto os direitos da nossa gloriosa nacionalidade e manter integro o seu património territorial.
Antes e durante este período crítico da vida nacional a demagogia sectária calcou aos pés todos os direitos e desencadeou as mais ruins paixões. Viram-se os católicos despojados das liberdades essenciais de culto, de associação, de ensino e consumada a apostasia do Estado pela quebra das relações seculares com a Santa Sé.
Máxima foi a nossa culpa. Não tínhamos organizado a defesa, mercê de comodista individualismo, propenso à passividade resignada e ao menosprezo do dever cívico.
A revolução triunfante em 8 de Dezembro último veio iniciar de surpresa a emancipação do país do jugo demagógico, que sobre ele pesava.
Por isso de norte a sul aclamaram entusiasticamente todas as classes sociais, sem distinção de opiniões, o actual Chefe do Estado, prestigioso caudilho daquele movimento libertador.
A parte sã do país manifestou - por modo mais significativo que uma consulta eleitoral - que daria todo o apoio a quem lhe garantia ordem, administração honesta e patriótica, respeito das consciências, exercício das legítimas liberdades.
A essas solenes demonstrações correspondeu o formal apelo do sr. dr. Sidónio País ao concurso patriótico de todos, sem distinção de crenças, nem de ideais políticos, à união de todos os bons portugueses para salvarem a Pátria nesta hora angustiosa.
Essa obra reparadora foi iniciada.
No que respeita a liberdade religiosa, algumas demonstrações de boa vontade foram dadas aos católicos e prometeu-se-lhes a reforma dessa lei odiosa e iníqua, que durante sete anos fora declarada pedra angular e paládio intangível, a lei chamada de separação e que foi apenas instrumento de expoliação e opressão. O que a Igreja sofreu e nós com ela, tratados como párias num país católico!
Veio a reforma prometida, mas, por lamentável contradição, não correspondeu a nossa expectativa, nem traduziu o propósito justiceiro do Chefe do Estado.
Derrogaram-se, é certo, alguns preceitos odiosos da antiga lei, mas outros permaneceram vigorando, em estranha antinomia com o critério anunciado.
Urge modificar a actual situação legal da religião católica entre nós, embora em regimen de separação; pondo-se termo ao funesto conflito entre o Estado e a consciência religiosa da grande maioria da nação.
Por esse propósito justiceiro e pacificador - que parece ser o do actual ministro da justiça -, importa orientar sem demora a acção governativa e parlamentar em matéria religiosa.
A primacial manifestação destas tendências deve ser um pronto e leal entendimento com a Santa Sé, consoante o exigem iniludivelmente os superiores interesses do país e o Centro Católico tem insistentemente reclamado.
Vai-se proceder a eleições para confirmar o mandato revolucionário que investiu o sr. dr. Sidónio País na presidência da república e para escolha dos membros de câmaras constituintes.
Qual o dever dos católicos em tal conjuntura?
Definiu-lho em termos claros e iniludíveis a última Pastoral colectiva. Devem votar e votar bem, preferindo os candidatos que melhores garantias derem de apoiar as suas reivindicações. Para isso importa que se façam recensear e que procurem esclarecer a consciência dos eleitores, acerca do alcance moral do acto que vão praticar.
Ao problema religioso junta-se o problema da ordem, da honesta e patriótica administração.
É no sr. dr Sidonio País que a nação confia para o resolver neste momento angustioso.
Por isso, devemos conceder, por desinteressado patriotismo, a ele e ao governo a que preside, apoio leal e franco, contribuindo para lhe fortalecer o prestígio pela consagração dos votos da grande massa conservadora.
Podemos e devemos fazê-lo sem quebra de dignidade, nem sacrifício dos nossos princípios.
Tem de ser reformada a Constituição.
Esforcemo-nos por fazer expurgar dela preceitos incompatíveis com a verdadeira liberdade da consciência. Cooperemos para que se fortaleça o poder executivo, libertando-o da abusiva invasão de atribuições pelo parlamentarismo, que em vez de exercer apenas a sua missão legislativa, sujeita os governos a tutela humilhante e corruptora, e impede a continuidade e salutar desafogo da sua acção.
Aconselhamos pois as católicos a dar o seu voto ao sr. dr. Sidónio Pais para a presidência da república.
Quanto à escolha de candidatos, depende de circunstâncias regionais. Onde a nossa organização nos permite fazer vingar uma candidatura do Centro, outra não pode ser a solução. Fora desses casos impõem-se os acordos honestos e dignos com o Governo e com os partidos que nos mereçam confiança sobre a base do apoio às nossas reivindicações essenciais.
Para unidade da acção, que a torne mais eficaz, as combinações eleitorais devem ser submetidas à Direcção Geral do Centro, à qual compete, segundo o regulamento, orientar e dirigir superiormente as trabalhos de acção eleitoral.
Fica assim traçada a linha de conduta que em consciência se nos afigura mais consentânea com a defesa dos superiores interesses da Religião e da Pátria.
Para a zelo dos católicos apelamos, cheios de confiança, pedindo-lhes que cumpram o seu dever.

Porto, 14 de Março de 1918.

A Direcção Geral do Centro,

José Fernando de Sousa
Diogo Pacheco de Amorim
Alberto Pinheiro Torres

1 Comments:

At 9:33 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Outros:
Corumbá-MS, 11 de novembro de 2008.
Saudações! / Circular para a sociedade brasileira e o Vaticano./ DAM / Inscrição: 99-82668 / Prefeitura Mun. De Corumbá.
Olá população de Corumbá, Ladário e Região, convidu-os a uma locução social religiosa que irei proferir em 30 de novembro, das 09:00hs às 10:00hs da manhã, no Coreto da Praça da Independência, cujo tema será: O sexo conforme a Lei de Deus. Maiores detalhes, acesse no Google: Campanha anticamisinha. Um evento de caráter ecumênico, já que é de interesse de toda a comunidade, bem como do Brasil e do mundo.
Tendo em vista o evento ser ecumênico, gostaria da presença de um padre católico, um pastor evangélico e um líder espírita. Todos tomaremos lugar no Coreto. Gostaria que, caso aceite meu convite, entrasse em contato comigo pelo tel: 3232-5064 até o dia 25-Nov-08, ou em minha residência: Rua Marechal Floriano, 765. Bairro Dom Bosco, quase esquina com a rua Cuiabá, para dialogarmos sobre o dispositivo, bem como o desencadear do evento, ou até mesmo um ensaio. Lembrando que, não será mudado o que está na programação. Acesse no Google: Campanha anticamisinha ou Sexo seguro / Sexo cristão.
Dentre essas pessoas acima citada, precisarei de outras pessoas, tais como, uma para soltar dois rojões no início; uma para filmar; uma para distribuir Dvds e panfletos: O Sexo conforme a Lei de Deus.
Vou precisar de três jovens entre 16 e 18 anos donzelas, castas, para durante a canção Laranja Lima, fazermos a incineração de dez camisinhas, simbolizando as dez virgens do Evangelho, e uma forma de protesto contra camisinha em praça pública e em escolas. Lembrando que as candidatas, deverão ser recatadas, religiosas, sem quaisquer sinais de vaidades, tais como roupa decotada, pilsen, tatuagens... Seria bom já ir pensando nisso com antecedência para na hora não causar um certo constrangimento. A partir dos 16 anos, porque aos 15 obrigatoriamente, deverá ser virgem, senão, não terá direito a presente e nem festa de debutante. Caso contrário, estaremos condizentes com o sexo para menores.
É bom lembrar que tanto eu como as pessoas que comparecerem no evento, contamos com a consciência das jovens, no sentido de não enganar, burlar os que estiverem presentes, quanto a sua castidade, pois, terá um forte remorso e não as fará bem.
Digo isso porque já teve internautas do Brasil me questionando: como que você vai saber se elas são virgens? Você as examinou? Passaram pelo exame de castidade?
Por aí, leitor (a), você ver que a minha Campanha faz sentido. De tanto a sociedade comentar que não existe mais virgindade, que acontece essas coisas: pessoas incrédulas e todas essas desgraças que vem acontecendo. Se continuar assim, as autoridades não terão moral suficiente para punir os pedófilos, os estrupadores os tarados... O sexo para adolescentes, está com os dias contados. A partir de 2009, a jovem de 15 anos, só terá direito a festa e presente se for donzela. A noiva terá de ser submetida ao exame de castidade. Caso a Igreja não acatar essas medidas, terá que deixar de pregar que sexo é só após o casamento. A Campanha da Fraternidade em Defesa da Vida, desse ano, deixou a desejar: o combate ao aborto esfriou; o órgão, reprodutor vestido com borracha látex. Como vamos chamar isso em defesa da Vida? A AIDS não é uma epidemia comum, e sim, a desobediência à Lei de Deus. Você pode questionar: mas como está dando certo? Diminuiu o número de aidéticos! E eu te digo, é assim que o encardido quer; é assim que o encardido gosta, quanto mais saúde pra transar melhor.
Durante a incineração das camisinhas, estaremos em silêncio, meditando na música e na letra da canção Laranja Lima, num período de 2 a 3 minutos. Após o evento a semente estará plantada. Só nos resta regar, para que germine, cresça, produza bons frutos e aninham as aves do Céu.
Pergunto: a Igreja católica e a “Evangélica”, Protestante, não tem autoridade para alertar a Rede Globo de Televisão e a UNICEF, a tirar do ar a propaganda da camisinha? Seria bom meditar nisso. Deixe o interessado (a) que procure. Agora em 2009, deverá haver mais atenção nos assuntos Divinos. Estou indicando o livro NAMORO do Professor Felipe Aquino, para que seja ministrado nas escolas e nas igrejas. Ofereci, doar, para as escolas daqui de Corumbá e Ladário-MS e não tive resposta. Quer dizer, estou dando a faca e o queijo, mas infelizmente não querem cortar. Paciência, não é? No dia de dar entrada do processo do meu evento na Prefeitura, me esqueci de questionar no caso de mau tempo, mas vamos torcer para que nesse dia esteja em condições favoráveis. Lembro também que esse evento é de nível nacional, e também mundial, já que é do conhecimento do Vaticano. Não adianta adotarmos a camisinha, com intuito do sexo continuar livre, portanto, Abstinência sexual é a melhor saída. Quanto à gravidez precoce, idem. Agradeço a compreensão. Atenciosamente, Mariano.

 

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