quarta-feira, agosto 13, 2003

Correio do dia – III

Termino com o ritual quotidiano da leitura do “Diário do Sul”.
Fraquinho, geralmente mal escrito e de composição descuidada, tem o incontestável mérito de ser o nosso diário.
Quero, porém, e a propósito, deixar palavras de louvor que venho adiando há um ror de tempo. Confesso aqui o que ainda não disse a ninguém: abro o jornal e procuro logo as crónicas de Monarca Pinheiro e de Palminha da Silva. São os dois colaboradores da minha eleição. Os escritos deles surgem-me algo perdidos no efémero do jornal, mas têm a marca pessoal de uma labuta incansável em prol da terra e das gentes.
Tão diferentes, mas tão semelhantes na dedicação às nossas coisas, trazem-me a fala, os sabores e as tradições da minha infância (Monarca Pinheiro) ou a defesa culta e inteligente das nossas pedras e monumentos, da nossa história, da nossa fisionomia e da nossa memória colectiva (Palminha da Silva).
Também lia sempre o que publicava o Prof. Afonso de Carvalho, quando este calcorreava “As ruas de Évora” dando nota paciente do que descobria de cada itinerário. Informaram-me que o livro sairá – e espero bem que sim. O parto mostra-se difícil, mas a verdade é que em matéria de partos o Presidente da Câmara tem a obrigação de sair-se bem.
Dizem-me que o apreço agora publicamente manifestado não fica bem a empedernido reaccionário como é o caso deste vosso amigo - já que se trata de notórios esquerdalhos. Conheço-lhes o cadastro, mas fico na minha, que eu cá me entendo. Quem dera que toda a esquerda fosse assim, radicada e situada. Nem eu precisava de encostar tanto à direita.