quinta-feira, julho 31, 2003

sexo, mentiras e escutas

O sexo é coisa do diabo; caminho de perdição; maldição de socialistas... Não vou até ao ponto de escrever que "pelo sexo os conhecereis", porque na verdade nunca se sabe.... quando o que aparece como público não coincide com a realidade privada. Ao que parece, os anjos não têm sexo; de onde decorre a inutilidade da discussão sobre o sexo dos anjos.
Mas os socialistas têm. Que o digam o Paulo Pedroso, o Carlos Cruz, o Ferro Rodrigues - tudo gente que nesta hora amaldiçoa essa dádiva da natureza.
Entretanto, parece que o sexo dementa os que quer perder. O Partido Socialista exige hoje que o PGR esclareça se os seus dirigentes estão ou não sob escuta (o Dr. António Costa diz "sobre escuta"). A seguir-se tal critério, de ora em diante, quando em sede de investigação criminal se puser a questão das escutas telefónicas, torna-se necessário comunicar aos investigados a diligência em causa - antes que ela produza resultados. Os leitores estão a ver: investigam-se crimes de tráfico de estupefacientes, de corrupção, redes organizadas, mas se for questão de escutas primeiro faz-se a comunicação formal: "meus senhores, atenção, atenção, cuidado com a língua, passamos à escuta!"
Deste modo serão respeitados todos os direitos humanos consagrados nas convenções, e mais alguns ainda desconhecidos.
Evidentemente que o resultado do exercício será inócuo; mas também não se pode ter tudo. Teremos um processo justo, equitativo, aberto, amplamente democrático.
Enfim, as tolices de estação. As impossibilidades estatísticas acontecem: a um governo tão fraquinho corresponde uma oposição pior ainda. Assim qualquer um ganharia as próximas eleições...
Entretanto, o governo anuncia-se decidido a combater as baixas fraudulentas. Não é mal pensado. Mas esperemos que não apliquem as novas medidas aos senhores deputados. Como raciocinava há dias no "PortugalDiário" o José Júdice, os senhores deputados causam mais dano quando estão presentes do que estando ausentes. Logo, não será do interesse do país colocá-los na alternativa difícil entre mentir ("estava doente em casa fortemente engripado") e ser sujeito a junta médica, ou dizer a verdade ("fui ao futebol a Sevilha") e levar logo falta injustificada. Embora, como já se sabe, tais faltas não tenham nenhuma consequência: não contam nem descontam no ordenado. São como a causa monárquica de outras eras (e actualmente..... cala-te boca!): uma causa sem efeito, em manifesta violação das leis da física.